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Meu paciente está com desconforto urinário! E agora?

Isto é
Os problemas urinários tem sido causas muito frequentes das visitas dos cães e gatos ao veterinário. As causas mais comuns envolvem inflamação/ infecção da bexiga urinária, genericamente denominada cistite.
As causas de cistite são as mais diversas possíveis, mas em geral se relacionam com aumento na densidade urinária e menor frequência de micção, o que favorece à inflamação e crescimento microbiano na urina, o que normalmente não vem à nossa cabeça é que esse trinômio (aumento na densidade, menor frequência de micção e crescimento microbiano) pode estar relacionado a surgimento de cristais e/ou litíase urinária (pedra).
As manifestações clínicas das cistites e urolitíases são muito semelhantes, o que geralmente leva a uma demora no diagnóstico, na instituição do tratamento correto e consequente incomodo crônico ao paciente. O principal motivo na morosidade do diagnóstico é que em grande parte dos pacientes os tutores tentam automedicação e muitos veterinários, por falta das ferramentas adequadas para diagnóstico também tentam primeiramente a terapia para infecções urinárias, para, em casos refratários considerarem a possibilidade de o animal estar acometido por urolitíase.
A minha recomendação é que sempre que estiver frente a um quadro de inflamação/ infecção urinária, ou seja paciente apresentando manifestações clínicas de polaquiúria; disúria e eventual hematúria, seja conduzido anamense minuciosa, exame físico completo e que sejam solicitados exames complementares como hemograma, perfil bioquímico, urinálise, cultura e antibiograma da urina e US abdominal, antes de iniciar terapia medicamentosa. Em casos em que o paciente for macho, recomendo a coleta de urina por sonda uretral pois assim já se verifica se há ou não presença de obstrução uretral, pois essa complicação se torna uma emergência cirúrgica com risco de ruptura de vesícula urinária, abdômen agudo e insuficiência renal aguda (IRA).
Em casos que não há necessidade de internamento e/ou intervenção cirúrgica emergencial, antes de entrar com terapia antimicrobiana, geralmente prescrevo um anti-inflamatório sistêmico (meloxicam) até os resultados dos exames, a fim de prescrever antibiótico apenas em casos realmente necessários (cultura bacteriana positiva). A simples presença de bactérias na urina, pela urinálise não se justifica a prescrição de antibióticos, principalmente se o método de coleta for micção expontânea ou sondagem uretral. Já obtive presença de bactéria em urina devido a contaminação pela coleta, até em coletas por cistocentese, por isso é imprescindível a cultura em casos de cistite.
A urinálise também nos traz informações extremamente importantes relativas à densidade, pH e presença ou ausência de sedimentos urinários, o que reflete o status de hidratação do paciente e também um pouco sobre predisposição a formação de cálculos urinários.
Os métodos de diagnóstico por imagem também são bastante valiosos no processo de diagnóstico, através da US podemos verificar a espessura da vesícula urinária a fim de entender a presença ou não de inflamação e também observamos seu conteúdo, eventualmente podem estar presentes cristais ou até mesmo litíases de diferentes tamanhos e, portanto, será a ferramenta de eleição para monitoramento do tratamento de litíases, uma vez que nos exames subsequentes será possível monitorar a evolução (ou involução) das litíases e dos cristais). O exame radiográfico tem menos valor diagnóstico para as cistites, porém quando existem litíases ele consegue diferenciar os tipos de cálculos de acordo com sua radioluscência, o que tem valor presuntivo no diagnóstico de oxalato de cálcio.
O exame de eleição para classificação das litíases é a análise do tipo de cristal que se forma no núcleo do cálculo, porém esse exame não é muito acessível, por ser realizado nos EUA, todavia, alguns laboratórios realizam a análise completa dos minerais que formam o cálculo, que também auxilia grandemente na conduta terapêutica. Não obstante, para realização desses exames é necessário ter acesso ao cálculo e geralmente isso é obtido por procedimento cirúrgico.
Logo, os métodos não invasivos (US, RX e urinálise), quando bem interpretados se tornam ferramentas importantíssimas para diagnóstico das litíases e para a conduta terapêutica de urolitíases em que o paciente não será submetido a cistotomia.
O tratamento das litíases é direcionado para o tipo de cálculo, sendo os mais comuns o estruvita e o oxalato de cálcio, podendo inclusive ser calculo misto (2 ou mais tipos de cristais na composição), e consiste basicamente no manejo hídrico e nutricional do paciente e tratamento de infecções urinárias.
A hidratação é a peça chave nesses tratamentos, pois quando conseguimos reduzir a densidade urinária a valores inferiores a 1,030 se torna praticamente impossível a agregação de cristais e formação de litíase, portanto cabe ao veterinário responsável calcular corretamente a quantidade de água (70 a 100 x o peso do paciente) a ser ingerida e promover estratégias ao tutor para estimular o consumo dessa quantidade pelo paciente, uma vez que raramente eles irão consumir essa quantidade espontaneamente.
O manejo dietético consiste em uma estratégia nutricional a fim de se equilibrar cátions (cálcio, sódio, potássio e Magnésio) e ânions (fósforo, cloro e enxofre) da dieta, a fim de se obter um pH urinário ideal (segundo o tipo de cálculo urinário), reduzir a quantidade de substrato para formação de cálculos específicos, como o oxalato de cálcio, o urato de amônia, o de cistina e o de sílica e também otimizar eventuais inibidores de seu crescimento. O quadro 1 demonstra o pH propício para o desenvolvimento dos diferentes tipos de litíase.
Quando as urolitíases acontecem concomitantes a infecções urinárias, a antibioticoterapia (orientada pelo antibiograma) deve ser mantida até completa resolução dos cálculos. A suspensão precoce da antibioticoterapia pode propiciar ao desenvolvimento de infecções rescidivantes.
Isto posto, fica evidente que os quadros de desconforto urinário são complexos e podem refletir uma urgência cirúrgica com risco de morte ao paciente e, portanto, a conduta terapêutica deve ser muito mais complexa que a simples prescrição de antibioticoterapia sem nenhum exame complementar.

BIBLIOGRAFIA
Ariza, P.C.; Queiroz, L.L.; Castro, L.T.S.; Dall’Agnol, M.; Fioravanti, M.C.S. - TRATAMENTO DA UROLITÍASE EM CÃES E GATOS: ABORDAGENS NÃO CIRÚRGICAS. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.13 n.23, 2016 BARTGES, J. W.; KIRK, C.; LANE, I. F. Update: management of calcium oxalate uroliths in dogs and cats. . The Veterinary Clinics of North America. Small Animal practice. Philadelphia, v. 34, p. 969–987, 2004. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1016/j.cvsm.2004.03.011. doi: 10.1016/j.cvsm.2004.03.011. BARTGES, J. W.; CALLENS, A. J. Urolithiasis. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal practice. Philadelphia, v. 45, n. 4, p. 747-768, 2015. Disponível em: doi:10.1016/j.cvsm.2015.03.001. BERENT, A. C. Ureteral obstructions in dogs and cats: a review of traditional and new interventional diagnostic and therapeutic options. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care. San Antonio, v. 21, n. 2, p. 86-103, 2011. Disponível em: doi: 10.1111/j.1476-4431.2011.00628.x. BERENT, A. C. Interventional Urology: Endourology in Small Animal Veterinary Medicine. The Veterinary clinics of North America. Small animal practice. Philadelphia, v. 45, n. 4, p. 825-855, 2015. Disponível em: doi: 10.1016/j.cvsm.2015.02.003 CALABRO, S.; TUDISCO, R.; BIANCHI, S.; GROSSIL, M.; DE BONIS, A.; CUTRIGNELLI, M. I. Management of struvite uroliths in dogs. The British Journal of Nutrition. Cambridge, v. 106,n. S1 p.S191–S193, 2011. Disponível em: ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.13 n.23; p. 2016 1331 HAND, M. S.; THATCHER, C. D.; REMILLARD, R.L.; ROUDEBUSH, P. (eds.). Small Animal Clinical Nutrition. 4. ed. Marceline: Mark Morris Institute; 2000 LEKCHAROENSUK. C.; LULICH, J. P.; OSBORNE, C. A.; PUSOONTHORNTHUM, R.; ALLEN, T. A.; KOEHLER, L. A.; ULRICH, L. K.; CARPENTER, K. A.; SWANSON, L. L. Patient and environmental factors associated with calcium oxalate urolithiasis in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 217, n. 4, p.515-519, 2000.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015 Tecsa laboratório - UROLITÍASE EM CÃES DE PEQUENO PORTE – Vetscience Newsletter, disponível em: < http://www.tecsa.com.br/assets/pdfs/UROLITIASE%20EM%20CAES%20DE%20PEQUENO%20PORTE.pdf>

 

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Você usa óleo de peixe para seu paciente?

Isto é
Se você me perguntar, dentre todas as possibilidade de suplementação, extra as necessárias para balanceamento nutricional, qual seria a minha escolha para todos meus pacientes, definitivamente seria o óleo de peixe.
Sabe aquele produto que é bom pra tudo? É ele! Além de ser uma ácido graxo essencial para filhotes, gestantes e idosos, quando utilizado na dieta de animais adultos saudáveis é extremamente útil para a saúde da pele e do pêlo, dos olhos, do cérebro e cognição e, para animais doentes deveria ser prescrito como medicamento alopático, tamanha a sua contribuição para controle de inflamações de doenças crônico-degenerativas como doença renal crônica, doença cardíaca, doença articular; doença em trato gastro-intestinal, disfunção cognitiva, emagrecimento e prevenção e perda de massa magra, entre tantas outras.
Mas por que ele é tão sensacional? Por que seus componentes, ácido eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA) quando apresentados na célula que está sofrendo injúria gera a produção de mediadores muito menos inflamatórios que o ácido aracdônico (ômega 6), como explicado nas figuras 1 e 2. Não é a toa que no ocidente as pessoas sofrem muito mais de problemas crônico-degenerativos que no oriente. Nós praticamente não ingerimos alimentos a base de peixe e algas, que são as principais fontes desses ácidos graxos.

A linhaça, um ingrediente vegetal, proveniente da ásia, também é rica em ácido graxo poliinsaturado da família ômega 3, porém esse ácido é o linolênico, precursos do EPA e DHA. É importante salientar a diferença entre esses ácidos, para entendermos que, conforme explicado na figura 3, para um indivíduo aproveitar dos benefícios da linhaça como anti-inflamatório, seu metabolismo deve ser dotado de elongases e dessaturases, a fim de convertê-la em EPA e DHA. O ser humano consegue fazer essa conversão, porém os cães e gatos não são providos dessa capacidade (figura 3). Portanto, para que essas espécies se beneficiem das maravilhas do ômega 3 é imprescindível fornecer EPA e DHA prontos, ou seja, fornecer óleo de peixe de vida livre e águas profundas.

 Então, observando essas considerações, basta escolher um suplemento de óleo de peixe para meu pet ou para meu paciente e tudo certo?
Também não é por aí, primeiro precisa avaliar criteriosamente o que tem no suplemento, o quadro 1 traz quatro tipos diferentes de suplementos disponíveis no mercado pet, se prestarmos atenção na concentração de EPA e DHA (que são os ácidos efetivamente úteis) nem sempre estão em concordância com a concentração indicada no rótulo do produto. Assim, não basta verificar a dosagem do rótulo, mas sim verificar a quantidade de EPA e DHA nos níveis de garantia... e ainda, alguns fabricantes judiam da gente, informando níveis de garantia por kg de produto, sendo que a recomendação deve ser em cápsula... o que torna um pouco impraticável a compreensão de forma rápida da quantidade de EPA e DHA que o paciente deve ingerir.

Outra forma de inferir se o ômega 3 do seu paciente (ou do seu pet) é o que promete é submetê-lo a temperatura de congelamento, se ele não congelar, tudo bem, ele entrega o que promete, mas, se congelar, temos problemas! As várias insaturações presentes nesses ácidos os torna flexível e liquefeito sob temperaturas extremamente frias
Por fim, recomendo ainda verificar a relação ômega 6:ômega 3 da dieta do seu pet ou do seu paciente, a fim de garantir que não irá inverter essa relação. Para pacientes saudáveis, podemos trabalhar tranquilamente com uma relação de 10:1 (10 unidades de ômega 6 para 1 de ômega 3), já para pacientes doentes, essa relação deve ser muito mais justa, sendo ideal abaixo de 4:1, podendo chegar até 1:1, mas nunca invertido. Dietas que contenham mais ômega 3 que ômega 6 passam a ser inflamatórias, portanto deletérias ao animal que a consome!
Assim, veja quanta coisa devemos ter em mente quando pensamos em suplementar ômega 3, mas garanto que vale a pena e tenho certeza que seus pacientes irão agradecer!

Bibliografia
ANDRADE, P.M.; CARMO, M.G.T. Ácidos graxos n-3: um link entre eicosanóides, inflamação e imunidade. Metabólica, v. 8, n. 3, p. 135-143, 2006. ARAUJO, M.M.G. et al . Avaliação de colesterol e triglicerídeos séricos em cães saudáveis suplementados com ômega n-3. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte , v. 64, n. 6, p. 1491-1496, Dec. 2012. BARROS, J.C. & JUNIO, D.P. - ÔMEGA 3: APLICABILIDADE TERAPÊUTICA EM PEQUENOS ANIMAIS. investigação, 17(3): 28-32 2018. BAUER, J.E. Therapeutic Use of Fish Oil in Companion Animals J Am Vet Med Assoc
2011;239:1441–1451. BRUNETTO, M.A. Usos Clínicos dos Ácidos Graxos ÔMEGA-3. Informativo Técnico Vetnil, 2019, n2. DAVENPORT, D.J.; REMILARD, R.L.; SIMPSON, K.W. et al. Gastrointestinal and exocrine pancreatic disease. In: HAND, M. S.; THATCHER, C. D.; REMILLARD, R.L.;ROUDEBUSH, P. (eds.). Small Animal Clinical Nutrition. 4. ed. Marceline: Mark Morris Institute; 2000. p. 725-810GUBERMAN, U.C. - SUPLEMENTAÇÃO ORAL COM ÓLEOS DE LINHO E PEIXE PARA O TRATAMENTO DA CERATOCONJUNTIVITE SECA EM CÃES 72 F. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Animal da UNESP) – Universidade Estado de São Paulo, campus Botucatu, 2015. MAGALHÃES, T. M. L. P. Enterite linfoplasmocítica canina. 134f. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina Veterinária) – Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2008. NUTRIENT REQUIREMENTS OF DOGS AND CATS. National Research Council. Washington: National Academies Press, 2006.THE EUROPEAN PET FOOD INDUSTRY FEDERATION (FEDIAF). Nutritional guidelines for complete and complementary pet food for cats and dogs. Bruxelas, 2018. VASCONSELLOS, R.S. – Gorduras na Alimentação de Cães e Gatos. Aula ministrada ao curso de pos graduação em nutrologia clínica veterinária, Anclivepa – SP, 2018.

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O Papel da Nutrição sobre as Dermatopatias Alérgicas

Isto é
As dermatopatias são problemas bastante comuns na clínica veterinária e causam bastante transtorno à qualidade de vida dos animais e seus tutores.
As principais queixas relatadas pelos tutores se referem à prurido (coceira), mal odor (geralmente associados a infecções microbianas), feridas e descamações e as principais causas de dermatopatia são as infecções parasitárias (sarna, pulgas, carrapatos) e alergias, muitas vezes associadas a infecções secundárias.
Para auxiliar no diagnóstico, além de uma anamnese e exame físico detalhados, é necessário utilizar exames complementares, como citologia e histopatológico. Assim é possível diferenciar diferentes causas que podem apresentar manifestações clínicas semelhantes. Ainda, existem avaliações objetivas das manifestações clínicas que auxiliam o veterinário a compreender a patologia, principalmente as de causa alérgica, como os critérios de favrot (série de critérios relacionados a idade do paciente à primeira manifestação dos sintomas, localização dos sintomas e resposta a terapia ao corticoide e condições ambientais que ele vive; quadro 1), escala de prurido (0 a 10) e escala de Cadesi (avaliação da extensão, localização e gravidade dos sintomas, figura 1). 

Quando frente a uma possível dermatopatia alérgica é impreterível que o médico veterinário faça a triagem alérgica para poder identificar adequadamente a causa, que pode ser: dermatite alérgica à picada de pulga; resposta adversa ao alimento (hipersensibilidade alimentar) ou atopia.
Uma vez identificado a provável causa é possível adotar medidas terapêuticas e de manejo para amenizar as manifestações clínicas e melhorar a qualidade de vida desse paciente. Portanto, o uso de produtos para controle de pulga e carrapato se torna uma medida constante e periódica na vida desse animal e, em casos que sejam necessários, manejos alimentares, ambientais e imunológicos específicos devem ser adotados.
As dermatopatias responsivas a alimentos relacionam-se a resposta imunológica ou não. São raros os casos na literatura que relatam resposta mediada por igE de forma imediata, e, em geral, as respostas adversas ao alimento verdadeiras manifestam alterações clínicas dermatológicas e gastroentéricas, mas existem as respostas alérgicas a alimentos com manifestação clínica de dermatite atópica e também a dermatite atópia induzida por alimento, demonstrando que o alimento contribui para as respostas alérgicas independente da forma que ele induz essa resposta.
Para uma boa compreensão de como o alimento se comporta como um antígeno, devemos compreender a resposta imunológica intestinal (figura 2). 

O alimento, uma vez presente no lúmen intestinal pode ser reconhecido como um antígeno direto ou interagir com a microbiota residente, podendo auxiliar no desenvolvimento de disbioses.
Tanto a fração do alimento quanto a mudança no equilíbrio da microbiota intestinal têm potencial inflamatório, tanto pela alteração da estabilidade proteínas da tight junction, comprometendo a permeabilidade intestinal, quanto pela produção direta de anticorpos do tipo IgE, degranulação de mastócito e produção de histaminas e outras citoquinas inflamatórias, quando os antígenos são apresentados ao sistema imune pelas células apresentadoras de antígenos.
Esses mediadores inflamatórios, embora sejam produzidos no intestino, são transportados pela circulação sanguínea e também manifestam respostas inflamatórias na pele e ouvido dos pacientes sensíveis, provocando eritema, prurido intenso (grau 6 a 8 na escala de 10 pontos), local, multifocal ou generalizado, podendo também propiciar a disbiose na pele (geralmente favorecendo ao supercrescimento bacteriano – BOG; ou fúngico – MOG).
Geralmente essas manifestações clínicas são não sazonais, ou seja, não estão relacionadas a presença de antígenos específicos de acordo com época do ano, como seria esperado resposta alérgica a pólen, na primavera, e representam 10-20% de todas respostas alérgicas e é considerada a 3ª principal causa de dermatite alérgica, não tem predisposição a gênero, pode acontecer em qualquer idade, mas em geral se manifesta antes de 1 ano de vida, e as raças mais predispostas são as “da moda”.
Não existem exames clínicos específicos que possam ser realizados a fim de fechar o diagnóstico, portanto a única forma de se confirmar a participação do alimento como antígeno é a realização do teste de exclusão alimentar.
Este deve ser feito durante 8 a 12 semanas, com um alimento inédito ao paciente, ou com ração com proteína hidrolisada, durante o mesmo período de tempo.
Esse prazo é necessário para que haja remissão completa das manifestações clínicas e haja redução na produção de mediadores inflamatórios, porém exige muita disciplina pelo tutor, uma vez que compromete a relação social entre ele e o cão e também desenvolve um sentimento de pena pelo tutor, devido a privação que o seu animalzinho irá ser submetido. É muito comum os tutores não seguirem à risca o protocolo, portanto é indispensável ao veterinário empatia e paciência para explicar a importância e os eventos imunológicos que se espera acontecer com o período de exclusão.
Após esse período o paciente deve ser submetido a um teste provocativo, onde serão introduzidos ingredientes à dieta do paciente de forma sistemática e por tempo determinado, a fim de interpretar as manifestações clínicas que, eventualmente, possam acontecer no período. Também é importante orientar ao tutor que, entre um alimento e outro, no teste provocativo é importante retornar o paciente à dieta de exclusão por até 15 dias a fim de promover “whash out” intestinal, ou até completa remissão das manifestações clínicas que possam ter aparecido com o alimento anterior. A falta desse período pode mascarar a interpretação das manifestações clínicas para o próximo alimento. Isso tudo torna o processo demorado e cansativo e não é raro alguns tutores abandonarem o programa, infelizmente.
Não é raro o mesmo paciente apresentar diferentes causas para as manifestações alérgicas, portanto se a exclusão alimentar promover melhora parcial nas manifestações clínicas, não se pode excluir a resposta adversa ao alimento como parte da fisiopatogenia do problema, portanto a etapa de reexposição é importante mesmo assim.
Dessa forma, os tutores que conseguem seguir o programa até o final trazem para nós, clínicos, excelentes informações a respeito das possíveis respostas adversas aos alimentos, a fim de confirmar ou excluir a suspeita, conforme interpretação do teste que está exposto no quadro 2, permitindo que possamos continuar a triagem alérgica (em pacientes que não apresentaram melhora) ou melhorar a qualidade de vida daqueles que apresentaram resposta adversa ao alimento, retirando os alimentos envolvidos na patogênese da rotina alimentar do paciente.

Referências:
GALATI, L.H.H. – Estrutura e Histologia Cutânea Básica – aula ministrada ao curso de nutrologia clínica de cães e gatos – Anclivepa – SP, 2018. MARQUES JUNIOR, A.P. et al – Dermatologia em Cães e Gatos: Caderno técnico – CRMV MG, 2013. SARTORI, D. C. – Imunidade de Mucosa – aula para disciplina da FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E IMUNOLOGIA PROGRAMA DE IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA, 28/02/2020 TEIXEIRA, F.A. – Nutrologia na Prática, Enfoque: Dermatologia - aula ministrada ao curso de nutrologia clínica de cães e gatos – Anclivepa – SP, 2018.


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Alimentos Tóxicos e Suspeitos

Isto é
Quem resiste a olhares pidões dos nossos companheiros de 4 patas nas horas das refeições ou lanchinhos durante o dia?? Ainda mais quem tem convívio intenso com eles!
Chega a ser quase incontrolável o ato de partilhar o que se come como eles. Mas tudo é saudável para eles? Nem sempre!
Antes de falarmos sobre alimentos tóxicos e suspeitos é importante entendermos por que, principalmente os cães ficam com olhares de mendicância para gente na hora das nossas refeições.
Se considerarmos a etologia (ciência que estuda o comportamento) canina fica fácil compreender a origem desse comportamento. Os cães são indivíduos gregários, ou seja, vivem em comunidade em que cada indivíduo tem um papel importante para o bem comum. Esses animais, em vida livre, têm o hábito de caçar grandes presas, exatamente para que alimentem toda a matilha e, portanto, a caçada é em grupo. Uma vez a presa abatida, o líder da matilha se alimenta primeiro e então libera a carcaça para os demais indivíduos do grupo se alimentar também. Percebe que o ritual do “preparo” e “consumo” do alimento é em grupo?
Hoje, com mais de 8 mil anos depois de sua domesticação, evolução do seu trato digestório para ingestão de alimentos semelhantes ao do ser humano (o cão deixou de ser carnívoro estrito para ser carnívoro oportunista, com grandes modificações genéticas para ingestão e digestão de amido) alguns comportamentos primitivos permaneceram intactos no cérebro dos cães. Entre esses comportamentos destaco o hábito de se camuflar ao ambiente (comendo e rolando em fezes ou carniça) e a expectativa de se alimentar em grupo! Isso mesmo! A mendicância do seu companheiro peludo se deve a uma memória primitiva de se alimentar em grupo!
Por outro lado, o ser humano também é um indivíduo gregário e também tem por memória primitiva partilhar alimentos entre seus conviventes.
Dessa forma fica claro que a junção de duas espécies de hábitos gregários, convivendo intensamente em um ambiente familiar irá favorecer ao desenvolvimento de comportamentos extremamente primitivos como o partilhar alimentos.
Todavia, não significa necessariamente que ele precise ser agradado exatamente com o alimento que estamos ingerindo, sendo possível partilhar com ele nesses momentos porções de alimentos/ frutas/ petiscos saudáveis para os cães, desde que a família crie o hábito de trazer porções desses alimentos para a mesa na hora das refeições.
Dentre os diversos alimentos que dispomos para nossa alimentação, alguns têm importantes evidências científicas de serem tóxicos para os cães, independentes de possuírem propriedades terapêuticas (tabela 1).

Muitas pessoas oferecem lanches, pizzas, doces, frituras, pão, macarrão, entre outros alimentos ricos em carboidrato e gordura para os cães.
Esses alimentos não são necessariamente tóxicos, porém não apresentam nenhum benefício à saúde deles, pelo contrário, têm potencial de serem muito deletérios à saúde desses peludos.
Da mesma forma que o consumo dessa categoria de alimentos (ricos em carboidratos e pobres em fibra) têm potencial inflamatório e obesogênico para o ser humano, o mesmo acontece para os cães, porém de forma muito mais rápida.
O fornecimento desses alimentos promove um balanço energético positivo, por conterem uma densidade energética altíssima e, consequentemente favorecem para o desenvolvimento da obesidade e todos os problemas inflamatórios, endócrinos e consequente redução da expectativa e qualidade de vida relacionados a ela.
Outros prejuízos à saúde desses pacientes com uso de alimento rico em amido de digestão rápida e pobre em amido de digestão lenta (fibra) é o favorecimento de disbioses e consequentemente complicações gastroentéricas, além de terem potencial para desenvolvimento de pancreatite aguda nessas espécies, uma vez que esses alimentos também são ricos em gordura! O problema se agrava ainda mais em raças que já têm problema com a digestão de gorduras, como é o caso do Schnauzer.
Assim fica claro que, na expectativa de trazer um conforto emocional tanto para nós quanto para nosso companheiro de quatro patas, muitas vezes colocamos seu bem-estar e também sua vida em risco! E então eu te pergunto, vale a pena?


Referências:

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al


 


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Colicalciferol – Vitamina ou Hormônio?

Isto é
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel presente em alimentos de origem animal e de origem vegetal. A forma presente nos alimentos de origem animal é a colicalciferol (D3) e nos alimentos de origem vegetal é a ergocalciferol (D2). A tabela 1 traz informações sobre as principais fontes de vitamina D e suas quantidades.

Em humanos, o colicalciferol é produzido na pele, a partir da pró-vitamina 7-dehidrocolesterol que é ativada pelos raios ultravioletas B. Já para cães e gatos, a vitamina deve estar presente no alimento.
Quando ingerida, a vitamina D é absorvida por processo passivo no Intestino Delgado, junto com a gordura do alimento, e por isso precisa da ação dos sais biliares. Cerca de 90% dela é transportada pelos vasos linfáticos, pelos quilomícrons e pela α-globulina.
A circulação sanguínea depende de proteínas transportadoras (transcalciferina) e ela é distribuída regularmente nos diferentes tecidos, sendo que as formas de vitamina D circulante são a precursora e o calcidiol, que é produzido no fígado através de um processo de hidroxilação da vitamina D.
Em condições normais são liberadas pequenas quantidades de calcidiol na circulação sanguínea e, por assim ser, sua quantificação plasmática é um bom indicador dos níveis de vitamina D no organismo.
A forma ativa da vitamina D, também conhecida por calcitriol, é a 1,25 dihidroxicalciferol, e é produzida nos rins. Como sua classificação diz, ela exerce a atividade metabólica da vitamina D.

 Embora seja classificada como vitamina, esse nutriente desempenha função endócrina responsável pelo metabolismo do cálcio.
Assim, diversos fatores estão envolvidos na regulação endócrina da vitamina D como o PTH, a calcitonina e os níveis plasmáticos de cálcio e fosfato (figura 1). Portanto, desregulações desses fatores irão provocar distúrbios metabólicos importantes, como o desequilíbrio mineral da doença renal crônica.

As necessidades mínima e máxima, bem como a necessidade por quilo de peso metabólico, para cães e gatos estão expressos na tabela 2. É extremamente importante que esses níveis sejam respeitados para que não ocorram deficiências e nem intoxicações.

Recentemente a vitamina D tem sido alvo de várias pesquisas explorando seus efeitos extra metabolismo mineral, como por exemplo sua ação nutrigenética, modulando resposta imunológica, inflamatória e auxiliando na prevenção e tratamento de doenças crônicas degenerativas como o câncer.
Sharper e colaboradores (2015) avaliaram os níveis séricos de vitamina D em 320 cães clinicamente saudáveis que eram alimentados com alimento comercial (292), caseiro( 18) e mistura de comercial com caseiro (10) e observaram uma variação muito grande nos niveis de vitamina D (figuras 3 e 4). Os autores concluíram que a suplementação dessa vitamina seria muito benéfica em pacientes com níveis séricos abaixo do ótimo (100 ng/ dL) e que, uma vez que 86% dos pacientes estudados se apresentavam em níveis sub-ótimos ou deficientes, essa vitamina deveria ser otimizada nos alimentos, seja comercial ou caseiro.
No mesmo sentido, Lalor e colaboradores (2014) estudaram níveis séricos de vitamina D em gatos com doença inflamatória intestinal e observaram que gatos doentes apresentavam níveis séricos desta vitamina consideravelmente menor que gatos saudáveis. Esses resultados foram semelhantes aos de Titmarsh e colaboradores (2015), que observaram menores níveis de vitamina D em cães acometidos com doença inflamatória intestinal. No entanto, os autores consideraram não compreender se esse achado seria a causa ou a consequência da patologia.
Estudando mastocitoma em cães (tumor de pele malígno, relativamente frequente) Wakshlag observaram baixos níveis de vitamina D no grupo acometido pela doença, sugerindo que essa insuficiência poderia ser considerada um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
Em contrapartida, outros autores avaliaram a possibilidade de utilizar a terapia com altos níveis de vitamina D para tratamento de mastocitoma, desde que esse tumor tenha o receptor para vitamina D (VDR) (Russel et al, 2010).
 
Os autores observaram alta prevalência desses receptores nos tumores estudados, o que sugere que o uso em altas doses de vitamina D seja promissor no tratamento da patologia, porém, embora essa terapia tenha alto poder antitumoral, podendo levar a remissão completa (1/4) ou parcial (3/4) do tumor, o surgimento de manifestações clínicas referentes a intoxicação é um risco real é muito provável de acontecer, levando a interrupção da terapia (Malone et al, 2010).
Dessa forma fica evidente a necessidade de mais estudos sobre os efeitos da vitamina D, seja na prevenção ou tratamento de doenças imunológicas ou inflamatórias crônico degenerativas, bem como o desenvolvimento de uma metodologia de análise de níveis séricos em cães e gatos que seja confiável para uso rotineiro.
A determinação dessa metodologia é tão importante quanto o conhecimento dos efeitos da suplementação da vitamina D, pois por enquanto a metodologia padrão ouro disponível para uso no Brasil é a realizada pelo PROVET sendo comercializada em cifras superiores a mil reais, portanto não é viável seu uso em check ups.
Embora existam outros laboratórios se propondo a realizar a mensuração a preços infinitamente inferiores, existe o erro de resultados não fidedígnos, induzindo o clínico a erros terapêuticos que podem colocar a saúde e a vida do paciente em risco.


Referências:
S. Lalor, A.M. Schwartz, H. Titmarsh, N. Reed, S. Tasker, L. Boland, J. Berry, D. Gunn-Moore, and R.J. Mellanby - Cats with Inflammatory Bowel Disease and Intestinal Small Cell Lymphoma Have Low Serum Concentrations of 25-Hydroxyvitamin D. J Vet Intern Med 2014;28:351–355. HAND, M. S.; THATCHER, C. D.; REMILLARD, R.L.; ROUDEBUSH, P. (eds.). Small Animal Clinical Nutrition. 4. ed. Marceline: Mark Morris Institute; 2000. p. 725-810 Malone, E.K. & Rassnick, K.M. & Wakshlag, Joe & Russell, D.S. & Al-Sarraf, Muhyi & Ruslander, David & Johnson, Candace & Trump, Donald. (2010). Calcitriol (1,25-dihydroxycholecalciferol) enhances mast cell tumour chemotherapy and receptor tyrosine kinase inhibitor activity in vitro and has single-agent activity against spontaneously occurring canine mast cell tumours*. Veterinary and comparative oncology. 8. 209-20. 10.1111/j.1476-5829.2010.00223.x. D. S. Russell*, K. M. Rassnick†, H. N. Erb‡, M. M. Vaughanx and S. P. McDonough* - An Immunohistochemical Study of Vitamin D Receptor Expression in Canine Cutaneous Mast Cell Tumours. J. Comp. Path. 2010, Vol. 143, 223e226 Claire R. Sharp1*, Kim A. Selting2 and Randy Ringold3 - The effect of diet on sérum 25‑hydroxyvitamin D concentrations in dogs. BMC Res Notes (2015) 8:442 THE EUROPEAN PET FOOD INDUSTRY FEDERATION (FEDIAF). Nutritional guidelines for complete and complementary pet food for cats and dogs. Bruxelas, 2019. Titmarsh HF, Gow AG, Kilpatrick S, Cartwright JA, Milne EM, Philbey AW, et al. (2015) Low Vitamin D Status Is Associated with Systemic and Gastrointestinal Inflammation in Dogs with a Chronic Enteropathy. PLoS ONE 10(9): e0137377. Joseph J. Wakshlag1*, Kenneth M. Rassnick1, Erin K. Malone1, Angela M. Struble1, Priyanka Vachhani1, Donald L. Trump2 and Lili Tian3 - Cross-sectional study to investigate the association between vitamin D status and cutaneous mast cell tumours in Labrador retrievers. British Journal of Nutrition (2011), 106, S60–S63 https://www.tuasaude.com/alimentos-ricos-em-vitamina-d/
https://drmarciosilveira.com/pacientes/wiki/como-e-o-metabolismo-do-calcio/


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Como tratar diarréias?

Isto é
Alterações na frequência de defecação, consistência das fezes e outros transtornos ligados ao processo digestivo indicam alterações na saúde do trato gastro-intestinal, conforme já explanado em textos anteriores.
Quando estamos diante dessas manifestações clínicas devemos considerar alguns fatores: 1- classificar a alteração fecal, segundo o escore de condição fecal (figura 1); 2- diferenciar se a alteração está acontecendo em intestino delgado ou intestino grosso (quadro 1), e 3- entender se é uma alteração aguda ou crônica.
 
Dentre as afecções agudas destaco: verminoses, bacteriose, intoxicações e disbiose secundárias a alterações nutricionais agudas. Entre as afecções crônicas destacam doença inflamatória intestinal, insuficiência pancreática exócrina, hipersensibilidade alimentar e tumores.
 
Além de uma anamnese e exame físico minucioso, o veterinário responsável pelo quadro deverá solicitar exames complementares para melhor compreensão do quadro.

Dentre os exames indicados destaco: coproparasitológico, perfil hematológico, albumina sérica, perfil bioquímico renal e hepático, lipase pancreática, avaliação eletrolítica (potássio, sódio, cálcio ionizado, magnésio), ultrassom abdominal e, em casos que sugerem manifestações clínicas de intestino delgado, acompanhado de emagrecimento e perda de massa magra, TLI e cobalamina e folato.
 
Uma vez identificado o agente causador do distúrbio o tratamento deve ser instituído o mais rápido possível, mas é inegável a necessidade de restabelecimento da saúde da microbiota intestinal o mais breve possível.
Em um texto anterior (“A importância da saúde intestinal” ) eu explanei brevemente sobre as tecnologias envolvidas na modulação da microbiota intestinal (prebióticos, probióticos e transfusão fecal), mas não expliquei os modos de ação, portanto voltaremos a falar sobre o assunto.
 
Os prebióticos são definidos como ingredientes alimentares não digestíveis, que beneficiam o organismo ao qual foram fornecidos pela seletiva estimulação de crescimento e/ou de atividade de micro-organismos no cólon (Hill et al., 2014). Dentre os prebióticos destaco as fibras fermentáveis, como a inulina, o fosfooligosacarídeo, os amidos resistentes e os mananoligosacarídeos.
 
A fermentação dessas fibras promove produção de ácidos graxos de cadeia curta que atuam sobre a seleção microbiana no cólon, tanto pela ação da redução do pH intraluminal e pela promoção do crescimento de micro-organismos benéficos quanto pela proliferação e reparação tecidual.
Alexander e colaboradores (2018) observaram efeito positivo do uso de altas doses de inulina sobre a microbiota intestinal, enquanto Pina e colaboradores (2018) constataram aumento na quantidade de Bifido bacterium em cães que recebiam alta quantidade de proteína dietética e um suplemento com fosfooligossacarídeos. Os autores verificaram, também, que esses animais tiveram uma melhor digestibilidade aparente total da matéria seca, do cálcio, do magnésio, do sódio, do zinco e do ferro.
 
Os mananoligossacarídeos, por sua vez, agem de forma seletiva sobre microorganismos patogênicos, que contêm um antígeno de membrana conhecido por fímbrias tipo I. Esses compostos, provenientes da parede celular da levedura Saccharomices cerevisae, bloqueiam os sítios de aderência, principalmente a D-manose (fímbrias tipo I específicas), das bactérias patogênicas na mucosa intestinal, como Salmonella e Escherichia coli.
 
Gouveia e colaboradores (2006) avaliaram dois grupos de oito cães com gastroenterite (um grupo suplementado com mananooligossacarídeo – 2 g/animal versus um grupo sem o suplemento) e verificaram que o suplemento foi eficaz na eliminação de Escherichia coli em 85,71% dos animais tratados com esse aditivo. Pawar, Pattanaik, Sinha, Goswamie Sharma (2017) analisaram a resposta na digestibilidade de nutrientes, a fermentação intestinal, a resposta imunológica e os índices antioxidantes do uso de mananoligossacarídeos na alimentação de cães e observaram que a resposta imune mediada por células avaliada como resposta de hipersensibilidade do tipo retardada foi significativamente maior (P <0,05) no grupo que recebeu o suplemento. A porcentagem de subpopulações de linfócitos CD4 + e a relação de CD4 +: CD8 + também foi significativamente maior (P <0,05) no grupo tratado. Os autores observaram que a suplementação de mananooligossacarídeo reduziu (P<0,05) os níveis séricos de colesterol total e LDL, quando comparados com o grupo controle e não constataram efeito do prebiótico nos índices antioxidantes eritrocitários.
 
Os beta-glucanos (1,3 – 1,6), também provenientes da parede celular da levedura Saccharomices cerevisae, têm sido considerados importantes imunomoduladores em cães. Eles são reconhecidos como patógeno padrão molecular associado (PAMP) por diferentes células do sistema imune (GOODRIDGE; WOLF; UNDERHILL, 2009), resultando, assim, na produção de citocinas (CHAN; CHAN; SZE, 2009). No entanto, a maioria dos estudos avaliou os beta-glucanos extraídos de fungos e de leveduras como estruturalmente diferentes dos beta-glucanos provenientes de cereais, sugerindo a necessidade de mais estudos sobre os beta-glucanos de cereais para determinar a natureza dos efeitos imunológicos desses compostos (FERREIRA et al., 2018).
 
A inoculação de micro-organismos que, reconhecidamente, fazem parte da microbiota benéfica do intestino dos cães, por meio de suplemento alimentar, consiste na terapia com probióticos.
Essa terapia tem sido utilizada na medicina humana para tratamento de doenças gastrointestinais (HILL et al., 2014) e, baseando-se em metanálises de artigos da medicina humana, observam-se evidências positivas para o efeito de probióticos em pacientes com diarreia, com síndrome do intestino irritável e com enterocolite necrosante (JENSEN; BJØRNVAD, 2019).
 
As espécies e as cepas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são os microorganismos mais comumente utilizados como probióticos. Porém, cepas dos gêneros Streptococcus, Bacillus, Propionibacterium, Escherichia e Enterococcus, bem como a levedura Saccharomyces, também têm sido utilizadas como probióticos (JENSEN; BJØRNVAD, 2019).
 
Segundo o European Food Safety Authority (EFSA – União Européia, 2017), seis cepas de bactérias (Enterococcus faecium NCIMB 10415, E. faecium NCIMB 10415, Lactobacillus acidophilus DSM 13241 25, Bifidobacterium sp. Animalis, Bacillus subtilis C3102, e L. acidophilus D2/CSL) são aprovadas, por suas segurança e eficácia, para uso como probiótico para aditivos alimentares em cães. Atualmente, as cepas de E. faecium e B. subtilis também são aprovadas para uso em cães.
 
Outras cepas têm sido estudadas quanto à sua segurança para uso em cães e gatos, com o potencial de reduzir a umidade das fezes na dosagem de 5 × 109 unidades formadoras de colônia (UFC)/kg, de acordo com EFSA.
 
Jensen & Bjørnvad (2019) realizaram uma metanálise com 17 estudos avaliando o uso de probióticos em cães, sendo 12 relacionados à prevenção ou ao tratamento de doença intestinal aguda e 5 relacionados à prevenção ou ao tratamento de doença intestinal crônica. Os autores observaram que os efeitos dos probióticos são “cepaespecíficos” e os efeitos documentados depende da cepa que está sendo usadas. Eles relatam, também, que a comparação entre os trabalhos ficou comprometida, uma vez que alguns artigos utilizam diversas espécies de probióticos e outros não especificam a cepa utilizada. Eles afirmam que, em alguns artigos, o veículo utilizado para a administração da cepa poderia influenciar o efeito desta. Outro apontamento dos autores é que, considerando a dose ótima do probiótico, envolve-se a administração da quantidade ideal em ordem de obter-se o benefício de saúde e que nenhuma outra especificação de “dose adequada” foi feita. Esse trabalho enfatiza a necessidade de pesquisas em cães com metodologia homogênea, a fim de avaliar-se a eficácia de probióticos, enquanto a maioria dos estudos em humanos usa doses de 108 a 1011 UFC/dia. Dessa forma, os autores não conseguiram estimar efeitos positivos ou negativos por meio da pesquisa realizada.
 
Em contrapartida, Xu e colaboradores (2019) avaliaram o uso de probióticos na composição e na função da microbiota intestinal de cães com diarréia por meio de análise metagenômica. Eles observaram que o uso do suplemento contendo Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarum e Bifidobacterium animalis subsp. lactis mostrou maiores diversidade e mudanças na estrutura da microbiota, com aumento na quantidade de bactérias benéficas, como Lactobacillus johnsonii (P < 0.05), Lactobacillus reuteri (P < 0.01), Lactobacillus acidophilus (P < 0.05) e Butyricicoccus pullicaecorum (P < 0.05), e redução na quantidade da maioria das bactérias patogênicas como Clostridium perfringens (P < 0.05) e Stenotrophomonas maltophilia (p< 0.05).
 
Em relação ao transplante de microbiota fecal (TMF), ainda não se conhece exatamente seu mecanismo de ação. Acredita-se que ele promova restauração da composição e da função da microbiota do receptor (GOUGH; SHAIKH; MANGES, 2011), Essa hipótese tem sido amplamente investigada (HAMILTON et al., 2013; JALANKA et al., 2016). 31 Ainda não há uma técnica padrão para o TMF, mas as fezes do doador podem ser usadas frescas ou congeladas, diluídas em água ou solução salina sem perda da eficácia (GOUGH; SHAIKH; MANGES, 2011; HAMILTON et al., 2012). O uso de TMF foi descrito em cães com diarréia crônica (MURPHY;CHAITMAN; HAN, 2014; WEESE; COSTA; WEBB, 2013). Pereira (2017) avaliou o uso de TMF em cães com gastroenterite hemorrágica e observou que o transplante foi associado com menor tempo de internamento, devido a melhora clínica dos animais tratados (p=0,0007). Embora não tenha havido diferença estatística entre os grupos tratados e não tratados, a mortalidade dos pacientes que receberam o TMF foi numericamente menor (10,6%) que o grupo não tratado (18,18%). Os autores consideraram que o TMF mostrou-se uma técnica segura e eficaz para ser realizada em cães com diarreia por parvovirose, uma vez que efeitos colaterais associados ao tratamento não foram detectados. Futuros estudos microbiológicos são necessários para investigar a colonização pelas bactérias transplantadas.
 
Com base nas explanações acima fica claro que existem várias alternativas aos antibióticos para o tratamento de diarréias aguda ou crônica, desde que sejam bem compreendidas as causas base da patologia.
Assim, cabe ao veterinário responsável pelo caso utilizar as ferramentas disponíveis para reestabelecer a qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Obesidade em Cães e Gatos – Parte II

Isto é
Como descrito no texto anterior, o sucesso de um programa de perda de peso em animais de companhia consiste em promover restrição calórica, aumentar o gasto calórico e manutenção do comprometimento pelos tutores.
Os fatores que influenciam as crenças e rotina dos tutores foi bem detalhado no texto anterior, portanto iremos explanar sobre a parte técnica do médico veterinário. Para melhor compreensão vou dividir o texto em tópicos:

1-Avaliação corporal:
Além de pesar o paciente e comparar com o peso médio esperado pela raça é importante realizar a aferição do escore de condição corporal (figura 1) e escore de massa magra (figura 2).
Esses escores são formas objetivas de avaliar a porcentagem de sobrepeso e saúde muscular do paciente. Para conhecer um pouco mais sobre esses métodos de avaliação consulte os vídeos a seguir: ECC (https://bit.ly/3tJojEP) e EMM (https://bit.ly/3vFd6qF ).
Uma vez classificado a porcentagem de sobrepeso, devemos calcular o peso meta.
O peso meta representa o peso esperado ao final de cada etapa do programa de perda de peso. Quando o paciente está até 30% acima do peso ideal, o peso meta pode ser o próprio peso ideal e, portanto, o programa de perda de peso terá apenas 1 etapa.
No entanto, quando o paciente está com peso corporal acima de 30% do ideal, o programa deverá ser dividido em diferentes etapas, a fim de promover perda de peso máximo de 30% em cada período.

2-Cálculo da energia diária
O ideal é conseguir mensurar o consumo calórico diário do paciente através do inquérito alimentar e então, a partir daí restringir o consumo de calorias. Porém são raros os tutores que conseguem passar a informação de tudo o que fornecem para seus animais e muito menos em quantidades para que possamos calcular as calorias de cada porção alimentar.
Portanto, o método mais utilizado é a estimativa de energia pela fórmula de necessidade energética basal descrita pelo NRC (2006)
NED = 70 x (Peso Meta) 0,75
O valor obtido pela fórmula representa uma estimativa, portanto é imprescindível realizar pesagens quinzenais a fim de verificar se a energia estimada está adequada para seu paciente.
A restrição calórica deve promover perda de peso semanal entre 1 a 2% do peso corporal do paciente. Variações nessa taxa de perda de peso semanal (TPP semanal) devem ser corrigidas.
Perdas de peso muito rápidas não são interessantes pois podem comprometer o metabolismo do paciente e promover perda de massa magra, portanto pacientes que apresentarem TPP 2,0% semanal devem receber um incremento no consumo calórico diário.
A literatura indica que TPP semanal inferior a 1% não é de todo ruim, desde que o paciente seja mantido no programa de perda de peso. Isso se justifica pelo fato de que ele vai conseguir atingir o peso meta, porém vai levar mais tempo do que o programado, no entanto, é importante tentar estimular a obtenção da TPP semanal próxima de 1% a fim de não desestimular o tutor e nem frustrá-lo. Na minha rotina, em geral, considero aceitável TPP semanal < 1% para pacientes idosos, ou com problemas articulares ou que apresentam alguma comorbidade, e tento manter o tutor engajado mesmo com resultados pequenos.

3-Escolha do alimento
Uma vez compreendida a quantidade total de calorias a ser ingerida por dia devemos escolher o alimento adequado para o suprimento nutricional do paciente, a fim de evitar desnutrição durante o período de perda de peso.
Portanto, não é possível realizar restrição calórica com qualquer alimento. As características nutricionais para esses são: baixa densidade calórica, alta densidade nutricional e alta quantidade de fibra.
Existem vários alimentos comerciais disponíveis no mercado pet para promoção de perda de peso, portanto é imprescindível para o veterinário responsável pelo programa saber interpretar as informações do rótulo para escolher o melhor alimento.
Para aqueles profissionais que não têm intimidade com a interpretação de rótulos recomendo a leitura do seguinte material: Ebook Manual Prático de Nutrição para Cães saudáveis disponível em www.jbnutrologia.vet.br
Para formulação de alimento caseiro eu recomendo formular um alimento que atenda a necessidade nutricional para o peso atual do paciente (Fediaf 2019), porém respeitando a quantidade de energia calculada para obtenção do peso meta. Recomendo também iniciar a formulação escolhendo as fontes de proteína e de gordura e completar a energia diária com fontes de amido de digestão lenta (ervilha; arroz integral; mandioquinha salsa; batata doce).
Para escolha de fontes de proteína, geralmente eu utilizo carnes magras (patinho, filet mignon, peito de frango). Assim consigo atender a necessidade protéica do meu paciente (quadro 1) de forma mais objetiva e consigo atender a necessidade de gordura (quadro 1) adicionando fontes de óleo ou gordura.
No entanto, para aqueles tutores que têm preconceito com acréscimo de gordura ou que provavelmente irão esquecer-se de acrescentar esse ingrediente na dieta eu utilizo fonte de carnes gordas (coxa e sobrecoxa de frango, músculo bovino, lombo suíno) e mantenho o foco no atendimento mínimo da necessidade protéica.
 Dentre as fontes de gordura disponíveis para uso para alimentação caseira recomendo se atentar para primeiro atender a demanda de ômega 6 e de ômega 3, pois esses são essenciais aos nossos pacientes. Os principais ingredientes fontes de gordura dessas famílias são o óleo de girassol e soja (para ômega 6 – linolêico) e óleo de peixe (para ômega 3 – linolênico). Apenas depois de atendido a demanda diária desses ácidos graxos que eu recomendo acrescentar outras fontes de gordura pensando em suas ações nutracêuticas.
Dentre as gorduras com ação nutracêutica eu sou fã de carteirinha dos ácidos EPA e DHA, da família ômega 3. Em pacientes com obesidade eles atuam estimulando a perda de peso, controlam a inflamação crônica, preservam massa magra e auxiliam no controle de dislipidemias!
Outro ponto importante a ser considerado para as gorduras é que elas fornecem o maior aporte energético de uma dieta (2,25 vezes mais que as fontes de proteína e de amido), portanto alimentos muito ricos em gordura fatalmente serão hipercalóricos e, consequentemente representarão menor volume de ingestão ao paciente.
Em relação às fontes de amido, como falei anteriormente, recomenda-se o uso de amido de digestão lenta para programas de perda de peso por controlar melhor a curva glicêmica do paciente e promover maior saciedade, portanto contribuem para reduzir a mendicância pelo paciente.
Quando estou delineando um programa de perda de peso para um paciente com resistência insulínica ou que não apresenta resultados satisfatórios mesmo com as reduções calóricas a cada 15 dias eu opto por substituir o amido de digestão lenta por amido resistente (batata yacon). O maior trunfo nesse tipo de amido é que, embora ele seja computado no valor calórico do alimento ele não é digerido, ou seja, não fornece aporte calórico para o paciente, promovendo sensação de saciedade por mais tempo (por retardar o tempo de esvaziamento gástrico) e ainda colabora para a manutenção da saúde intestinal!

4-Determinação da quantidade de alimento por dia

Essa etapa é a mais dolorosa para os tutores! Invariavelmente, não importa o quanto você se esforce para promover a ingestão de volume alimentar satisfatório, eles sempre vão se queixar da quantidade, dizendo que o paciente vai passar fome!
Mas, como falei no texto anterior, temos que nos manter focados e buscar argumentos para refutar suas reclamações e mantê-los engajados.
O fator que considero mais importante é escolher o alimento com menor aporte calórico possível (claro que tem que atender a necessidade nutricional do paciente! Não se esqueça disso). Pois o volume a ser prescrito é inversamente proporcional ao valor calórico do mesmo!
Um exemplo que sempre uso em meu consultório para ilustrar isso é, se tivermos 100 calorias provindas de alface e chocolate qual terá maior volume? É óbvio que é o alface, afinal sua densidade calórica é infinitamente menor que a do chocolate.
Portanto, para calcular o volume de alimentos devemos fazer uma regra de 3, como na figura 3.
Entre as opções: alimento comercial seco extrusado ou alimento caseiro, eu prefiro realizar programas de perda de peso com alimentos caseiros, principalmente por serem alimentos mais volumosos, uma vez que têm cerca de 7 vezes mais umidade que alimentos comerciais seco extrusados, diminuindo assim a impressão do tutor de que o animal vai passar fome e também por promover mais saciedade ao paciente.
A desvantagem desse método é que o alimento deve ser formulado por um nutrólogo, portanto, se você não tem essa especialidade precisará da ajuda de um segundo profissional!
Outro ponto importante na definição e quantificação do alimento é o manejo alimentar. Recomenda-se o fracionamento do alimento em até 3 ou 4 refeições ao dia.
Além de promover maior período de saciedade, por reduzir o intervalo entre refeições existe uma demanda de gasto energético para digestão, auxiliando de forma direta no aumento do gasto calórico diário pelo paciente.

5-Exercícios físicos
 
O estímulo à execução de exercício físico diário pelo paciente é tão importante quanto a restrição calórica. O principal benefício do exercício, além de aumentar o gasto calórico, é preservar a massa magra.
Não se deve buscar o emagrecimento apenas aumentando o nível de atividade física do paciente, pois os resultados serão insatisfatórios, uma vez que o manejo dietético representa 70% do sucesso do programa.

6-Monitoramento

Essa etapa é tão importante quanto as anteriores, pois é através dela que você consegue monitorar os resultados do que fez até agora, além de conseguir verificar se o tutor está seguindo as orientações de forma correta ou se estão havendo desvios no programa de perda de peso.
A literatura demonstra que os programas de perda de peso que apresentam as melhores taxas de perda de peso semanal são aqueles que o monitoramento é realizado a cada 15 dias. Eu concordo plenamente com essa informação, uma vez que observo resultados fantásticos com os pacientes que monitoro quinzenalmente e resultados insatisfatórios com TPP semanal inferior a 1% ou efeito sanfona (aqueles que emagrecem e engordam) em pacientes que o monitoramento é mais espaçado.

Conclusão
Enfim, analisando-se cada uma das etapas podemos concluir que o processo não é tão simples e os resultados não são obtidos de forma rápida, afinal, o paciente não engordou de um dia para o outro não é mesmo?
Mas tenho certeza que depois de compreender todos esses fatores seus resultados com programas de perda de peso serão muito melhores daqui para frente!
Caso tenha alguma dúvida, por favor me mande uma mensagem e, depois de praticar essas etapas venha contar para mim seus resultados!!

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Obesidade em Cães e Gatos - Parte I

Isto é
O sobrepeso foi considerado sinônimo de saúde e beleza durante séculos!
Para apreciadores de obras de arte, basta observar as formas das pessoas retratadas pelo excepcional Leonardo da Vinci, como a “Monalisa” ou “A Virgem do Cravo”, ou até mesmo obras de outros pintores renascentistas para poder constatar tal afirmação.
Ainda, quem nunca ouviu de pessoas mais idosas essa correlação? Provavelmente a justificativa para essa crença se deva ao fato de que ao longo dos anos apenas indivíduos bem afortunados economicamente podiam expressar o fenótipo “gordinho”.
O estilo de vida que o ser humano vem adotando nas últimas décadas, com falta de tempo para exercícios físicos, preferência por alimentação rápida e hipercalórica e um metabolismo treinado para armazenar o máximo possível de energia (característica desenvolvida ao longo da evolução), tem favorecido enormemente para o ganho de peso desenfreado, tanto é que a obesidade passou a ser considerada uma pandemia.
No entanto, as pesquisas mais recentes têm demonstrado que o sobrepeso é deletério para a saúde, tanto para humanos quanto para animais. A obesidade é um fator inflamatório de baixa intensidade, e por assim ser favorece o surgimento de diferentes tipos de problemas crônico degenerativos, como resistência insulínica, diabetes, cardiopatias, artropatias, entre outros.
Ao longo dos últimos 30 anos houve também uma mudança radical na relação entre humanos e animais de estimação. Esses, que antigamente tinham uma função de proteção e serviço para com o ser humano, hoje estão inseridos no contexto familiar, muitas vezes denominados “filhos” de seus tutores humanos.
Essa mudança na relação interespécies também promoveu mudanças radicais no estilo alimentar dos animais, propiciando que eles também passassem a sofrer de obesidade e de todos os problemas deletérios que ela provoca à saúde. A literatura demonstra também que em famílias onde os humanos são sobre peso ou obeso, em geral os cães e gatos também são e, a minha rotina clínica demonstra que são raros aqueles tutores que, uma vez com sobrepeso, se conscientizam ou se preocupam com o controle de peso dos seus animais.
O controle de peso é relativamente fácil, basta haver a compreensão entre o consumo de energia (através da alimentação) e o gasto energético diário.
Se considerarmos que o organismo é uma balança com dois pratos, sendo que um dos pratos representa o consumo calórico diário e o outro prato representa o gasto calórico diário, a relação entre os pesos desses dois pratos irá resultar na manutenção, ganho ou perda de peso (figura 1).

Simples não? Seria muito simples, se a “máquina” que opera essa balança não fosse uma caixa preta, ou seja, se não houvessem tantos outros fatores relacionados ao metabolismo do indivíduo que será submetido a um programa de perda de peso.
A figura 2 demonstra os diferentes fatores que influenciam o sucesso de um programa de perda de peso, mas os mais importantes e determinantes desse sucesso são os fatores socioambientais e os fatores hormonais.

 Eu considero os fatores socioambientais ainda mais importantes para o sucesso do programa que os hormonais, já que, uma vez identificadas as alterações hormonais e devidamente tratadas, o paciente apresenta grande probabilidade de retornar ao seu metabolismo normal. Já os fatores socioambientais envolvem crenças limitantes dos tutores e cuidadores desses animais como:
1-Dieta representa passar fome
2-Associar atenção com o fornecimento de alimento
3-Interpretar qualquer olhar do animal com mendicância
4-Compartilhar alimentos nos horários da refeição
5-Considerar o animal bonito “cheinho”
6-Dificuldade de visualizar o sobrepeso do animal.

Essas objeções foram listadas na ordem de maior frequência relatadas em meu consultório e, infelizmente, nós veterinários temos que estar preparados para refutá-las ou amenizá-las todas as vezes que aparecem. A empatia e a persistência são as palavras de ordem para a implementação e acompanhamento de um programa de controle de peso de sucesso.
A empatia entra no momento de elaborar o alimento e o manejo alimentar a ser fornecimento a esse paciente, uma vez que é necessário buscar a melhor opção para promover uma restrição calórica sem diminuir tanto o volume de alimento a ser ingerido, para assim evitar sentimentos de “pena” pelo tutor e diminuir a incidência de “desvios” na execução do plano alimentar.
Outra estratégia que o médico veterinário precisa estar atento é o manejo alimentar, ou seja, quantas vezes ao dia e de que forma esse alimento hipocalórico deve ser fornecido. Em famílias em que os pacientes estão presentes com os tutores nos momentos das refeições eu oriento a deixar uma parte do alimento do paciente para ser fornecido neste momento, para então minimizar desvios de fornecimento de outros alimentos que não estão prescritos a ele e ainda, aproveitar o incremento calórico proveniente das refeições para aumentar o gasto calórico pelo paciente!
A persistência é importante para dar o adequado acompanhamento ao paciente e explicar as estratégias e a importância dessas estratégias ao tutor quantas vezes forem necessárias para mantê-lo sempre focado, uma vez que mudanças de hábitos requerem dedicação extrema! A persistência está presente também no contato sistemático com o tutor, convidando-o para as pesagens e avaliações periódicas, para poder realizar as alterações no programa de forma eficiente e assertiva, sem associar os resultados insatisfatórios com punições e sempre comemorar os resultados satisfatórios.
Dessa forma, eu considero que a motivação do tutor a seguir as orientações representa 90% do sucesso do programa de perda de peso.
No próximo artigo vou descrever como fazer com excelência os outros 10%, aguarde!

Referências Bibliográficas:

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Você sabia que seu intestino é muito importante para seu sistema imunológico?

Isto é
O intestino dos mamíferos é considerado o maior órgão linfoide do organismo!
Ele é composto por uma vasta rede de linfonodos mesentéricos e as placas de Peyer, que se constituem em aglomerado de linfonodos na lâmina própria do intestino delgado. Esses agregados linfocitários e folículos linfoides compõem o GALT (do inglês, gut-associated lymphoid tissue) (JANEWAY; TRAVERS; WALPORT et al., 2001), que é a ligação do intestino com todo sistema linfoide do corpo!.
As placas de Peyer são responsáveis por induzir tolerância imunológica contra antígenos ao utilizar uma complexa interação entre células do sistema imunológico localizadas nos linfonodos e no GALT (JUNG; HUGOT; BARREAU, 2010).
Ainda, no lumen intestinal existem as células M responsáveis por capturar antígenos insolúveis e micro-organismos e os transportam para células apresentadoras de antígenos, presentes na lâmina própria.
As células apresentadoras de antígenos são células grandes e disformes, que podem enviar projeções em forma de dedo entre as tigh junction epitelial e retirar diretamente antígenos do lúmen intestinal responsáveis pela fagocitose desses antígenos e por apresentá-los ao sistema imunológico (Magalhães, 2008 (figura 1).
Uma vez detectado algum patógeno na mucosa, os enterócitos liberam mediadores inflamatórios e citocinas pró-inflamatórias (IL-1; IL-2; TNFα; IL-8), saindo do status de tolerância para resposta imunitária, que pode ser dominada por linfócitos T helper CD4).
Os linfócitos TCD4 estimulam a produção de linfócitos B que irão produzir imunoglobulinas. Essas imunoglobulinas podem ser classificadas em diferentes tipos, como IgA, IgG, IgM e IgE, cada uma com uma função específica no organismo (figura 2).
Os linfócitos B, quando estimulados pela primeira vez geram células de memória que passam a liberar anticorpos de forma mais eficiente e rápida.
Outro fator de ação importante nessa complexa comunicação são os receptores de reconhecimento de patógenos, em especial o NOD2, que regula o número, o tamanho e a composição das células TCD4, em resposta à microbiota intestinal. Sendo assim, essas células são capazes de modular a permeabilidade paracelular e intracelular (JUNG; HUGOT; BARREAU, 2010).
Quando a resposta imunológica desencadeia liberação de IgE pode haver ativação de mastócitos e consequente liberação de histaminas.
Esse tipo de resposta também é conhecida por resposta inflamatória imediata e ocorre até 12 horas após a exposição ao antígeno. As manifestações clínicas são dependentes da intensidade da ativação do sistema imunológico e geralmente são as respostas inflamatórias presentes em quadros de atopia e alteração gastroentéricas.
A tolerância da mucosa, induzida pelas placas de Peyer, encontra-se dependente da presença de uma barreira intacta, em ambiente dominado por citocinas supressoras, que estimulam a produção de IgA (GERMAN; HALL; DAY, 2001).
Pacientes com hipersensibilidade alimentar têm perda da permeabilidade seletiva da mucosa intestinal e consequente distúrbios na barreira intestinal e na microbiota intestinal, portanto apresentam resposta imunológica inadequada.

Referências:

ABBAS, Lichtman, and Pillai. Cellular and Molecular Immunology, 7thedition. Copyright © 2012 by Saunders, an imprint of Elsevier Inc.
CESINANDO, A. – Resposta Imune – Sistema Imunológico. Aula20/patologiageral. Disponível em: <http://www2.fct.unesp.br/docentes/fisio/augustocesinando/PATOLOGIA%20GERAL%20/AULAS%20/AULA%209%20-%20sistema%20imune%202020.pdf>
GERMAN, A. J.; HALL, E. J.; DAY, M. J. Immune cell populations within the duodenal mucosa of dogs with enteropathies. Journal of Veterinary Internal Medicine, Melbourne,v. 15, p. 14-25,jan-fev, 2001.
JANEWAY JR., C. A.; TRAVERS, P., WALPORT, M. et al. The mucosal immune system. New York: Garland Science, 2001.
JUNG, C.; HUGOT, J. P.; BARREAU, F. Peyer’s patches: the immune sensors of the intestine. International Journal of Inflammation, London, v. 2010, p. 1-12, 2010.
SARTORI, D. C. – Imunidade de Mucosa – aula para disciplina da FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E IMUNOLOGIA PROGRAMA DE IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA, 28/02/2020
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A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE INTESTINAL 

Isto é
Muito tem se falado sobre microbiota intestinal e sua influência sobre a saúde do indivíduo, tanto no que se refere à saúde do próprio intestino como a saúde geral do corpo. Vários estudos têm relacionado esses microorganismos com a estimulação do sistema imunológico, com a patogênese de obesidade, diabetes, depressão, além das patologias específicas do trato gastro intestinal.

Mas o que é microbiota intestinal afinal?
Microbiota pode ser definida como um conjunto de micro-organismos presentes em ambiente definido ou como uma identificação taxonômica que está associada a um determinado ambiente.
Dentre esses microorganismos temos aqueles que são considerados benéficos à saúde do indivíduo e aqueles que são considerados maléficos ao mesmo. Os microorganismos Lactobacilos e Bifidumbactérias pertencem ao grupo de bactéria benéficas/ probióticas e, aqueles da família Enterobacteriaceae e o gênero Clostridium pertencem ao grupo de bactérias maléficas/ patogênicas.
A maior concentração de bactérias consideradas probióticas na microbiota intestinal dos animais está intimamente relacionada com o bom status de saúde e o inverso é verdadeiro. Nesse sentido é importante a definição de alguns termos, como eubiose e disbiose. Por eubiose entende-se a relação saudável entre esses microorganismos (maior concentração de bactérias probióticas e menor concentração de bactérias patogênicas) enquanto que disbiose é a inversão dessas concentrações, ou seja, maior população de bactérias patogênicas.
 
Mas, quais os fatores que influenciam a colonização e manutenção desses microorganismos?
É importante a compreensão que essa característica é individual e intimamente relacionada a eventos que acontecem com o indivíduo desde o momento de seu nascimento.
Pesquisas têm demonstrado que, em seres humanos, a microbiota começa a ser formada ainda durante a gestação, mas evidências como essa ainda não foram relatadas em cães e gatos. Considerando que essas espécies apresentam maior número de camadas placentárias que os seres humanos, considero pouco provável que haja esse tipo de colonização durante a gestação.
Dessa forma, o tipo de parto é o principal fator relacionado à colonização primária do intestino de cães e gatos. Sabe-se que parto normal favorece a colonização por bactérias probióticas e que a cesareana favorece a colonização por bactérias gram positivas patogênicas.
A partir dessa colonização primária outros fatores como a interação do animal com o ambiente em que vive e componentes da dieta, podem exercer grande influência na composição da microbiota intestinal.
É importante considerar também que enquanto filhote essa microbiota pode ser variável e quando adulto ela se torna estável, sendo mais difícil a colonização por novos microorganismos.
Essa informação é extremamente importante, pois está intimamente relacionada à condição de vida que temos proporcionado aos nossos filhotes. Cada vez mais confinados em um ambiente extremamente limpo, principalmente durante os primeiros 4 meses de vida (período vacinal) e, associado a monodietas (ração), têm tido pouca variabilidade de microorganismos em sua microbiota intestinal, levando a formação de uma microbiota adulta frágil e muito propensa a disbioses.
 
Talvez, não à toa, temos tido um aumento considerável na incidência de patologias de causas alérgicas em idades cada vez mais precoces.
Alguns trabalhos têm sido realizados a fim de investigar a influência da dieta sobre a composição da microbiota intestinal nessas espécies e considera-se que o tipo de processamento esteja diretamente relacionado ao maior risco de infecções oportunistas. Sugere-se que alimentos crus têm maior diversidade microbiológica e portanto são mais propensos a desenvolver disbioses aos indivíduos adeptos a esse tipo de alimentação.
Dentre as tentativas de modulação da microbiota intestinal, destaca-se o uso de probióticos, prebióticos e transplante fecal.
Probióticos são microorganismos benéficos que são fornecidos aos animais com disbioses na tentativa de aumentar a colonização intestinal por essa categoria microbiana e restabelecer o status de eubiose.
 
Por sua vez os prebióticos constituem uma terapia em que se fornece ao paciente fibras insolúveis fermentáveis com o intuito de “nutrir” os microorganismos probióticos (benéficos) da microbiota residente com o intuito de aumentar a concentração desses microorganismos de forma direta (maior multiplicação desses) e indireta (pelo controle do crescimento dos microorganismos patogênicos, através da acidificação do meio, que acontece pelos ácidos graxos de cadeia curta - produtos da fermentação dos prebióticos). Fibras como a inulina, psyllium, fosfooligossacarídeos (FOS) são exemplos de prebióticos.
Os mananooligossacarídeos, embora sejam considerados prebióticos, agem de forma seletiva sobre micro-organismos patogênicos, que contêm um antígeno de membrana conhecido por fímbrias tipo I. Esses compostos, provenientes da parede celular da levedura Saccharomices cerevisae, bloqueiam os sítios de aderência, principalmente a D-manose (fímbrias tipo I específicas), das bactérias patogênicas na mucosa intestinal, como Salmonella e Escherichia coli. Considerando que, para que haja colonização, esses patógenos devem se aderir às fímbrias ou ao glicocálix do epitélio intestinal, os mananoligossacarídeos promovem a eliminação dos patógenos nas fezes, evitando a sua aderência aos enterócitos.
Já o transplante fecal, como o próprio nome diz, consiste na inoculação de fezes obtidas de um indivíduo saudável em um paciente doente, seu objetivo é a substituição da flora intestinal do paciente pela do doador. Embora seu uso seja empírico, pois esse método ainda demanda maiores investigações científicas para compreender seu modo de ação e eficácia, tem apresentado bons resultados clínicos.
Com base nessas informações fica evidente que a saúde intestinal reflete muito mais sobre o indivíduo que apenas seu status nutricional.
Nesse sentido, fica a pergunta, você questiona sobre o escore de condição fecal do seu paciente?

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O TUTOR RELATOU QUE O PACIENTE NÃO COME OU TEM VÔMITO OU DIARRÉIA ESPORÁDICOS?

Isto é
A relação humano-animal tem mudado radicalmente nos últimos anos, principalmente acerca da relação com os cães e gatos. Essas espécies têm sido tratadas como membros da família e em sua grande maioria como filhos por seus tutores.
Essa mudança na relação interespécie tem trazido grandes benefícios, em especial para os animais, que têm tido seu status de saúde e asseio monitorados bem mais de perto pelos seus “humanos”.
 
Assim, a atenção ao alimento que esses animais recebem, desde o aspecto físico, variedade, qualidade microbiológica até a aceitação do alimento pelo animal e principalmente as consequências após a alimentação tem sido temas muito abordados e questionados na maioria esmagadora dos atendimentos em meu consultório.
Não é à toa que a modalidade alimentar conhecida como “alimentação natural” para cães e gatos se tornou queridinha entre a maioria dos tutores e que a ração passou a ser “vilã”. Ainda, muitos tutores que optam pela ração como método alimentar para seus pets passam por dilemas filosóficos e emocionais... mas isso é assunto para outro post...
 Voltando ao foco, quando um alimento é ingerido, ele precisa ser adequadamente digerido para manutenção do status de saúde.
O trato gastro intestinal do cães e, principalmente dos gatos é relativamente curto e pouco provido de microorganismos fermentativos que poderiam auxiliar a digestão dos alimentos, como acontece nos animais essencialmente herbívoros.
Dessa forma, a digestão e, consequentemente, a saúde do trato gastrointestinal, depende do bom funcionamento de todas as suas estruturas e anexos.
 Com intuito de revisão, vale lembrar que a digestão consiste em uma série de eventos mecânicos, químicos e microbianos, que envolve desde a mastigação do alimento (que não é muito evidente nos cães, mas importante para os gatos) (HERDT; SAYEGH, 2014), a acidificação do alimento no estômago, a ação enzimática para hidrólise das macromoléculas, o peristaltismo intestinal, que visa a passagem do bolo alimentar por todas as vilosidades e microvilosidades, até a ação dos micro-organismos residentes na flora intestinal sobre os nutrientes que chegam até eles, para, então, a produção do bolo fecal (SILVA, 2009).
Ainda, para garantir seu adequado funcionamento o TGI dispõe de diferentes mecanismos adaptativos para enfrentar as adversidades presentes no alimento ingerido (Silva, 2009). Portanto, alterações nesses mecanismos podem acarretar prejuízos à saúde gastroentérica do paciente.
A saúde do trato gastrointestinal pode ser estimada pela ausência/presença de regurgitações e/ou êmese, pelo aumento ou pela diminuição no peristaltismo intestinal, pelo aumento na fermentação intestinal, resultando em timpanismo, em borborigmo e em flatulência e, por fim, pelo aspecto do bolo fecal (consistência, coloração, presença/ausência de conteúdo não digerido, de muco ou de sangue) (Silva 2009).
A doença inflamatória intestinal é uma enfermidade idiopática com componente genético e graus variáveis ao tratamento com drogas imunossupressoras (LOCHER et al., 2001; CRAVEN; SIMPSON; RIDYARD; CHANDLER, 2004).
 A literatura não sugere haver predisposição relacionada com idade e sexo para as diferentes formas de enterite inflamatória. A afecção é mais frequente em cães e gatos adultos, no entanto pode, eventualmente, ser diagnosticada em filhotes. Contudo, Marks (2011) sugere haver predisposição racial para o desenvolvimento da enteropatia perdedora de proteína, sendo Yorkshire Terrier, Golden Retriver, Daschund e Basenji as principais raças potencialmente afetadas. Simmerson e colaboradores (2014) apontam que cães da raça Yorkshire Terrier desenvolvem essa doença com manifestações clínicas de moderadas a severas, devido às efusões cavitárias secundárias à linfagectasia, às lesões em cripta e aos infiltrados inflamatórios.
Como dito anteriormente, a patogenia da doença ainda não é totalmente elucidada. Portanto, sugere-se que infecções virais, bacterianas ou parasitárias ou disbiose podem estar envolvidas, porém é inquestionável a participação do sistema imunológico (DAVENPORT; REMILARD; SIMPSON et al., 1987; MAGALHÃES,2008; WHITE et al., 2017).
Segundo Davenport, Remilard, Simpson e colaboradores (1987), o desenvolvimento da doença envolve hipersensibilidade. Das teorias que explicam essa reação, uma das hipóteses é de que os pacientes com a patologia desenvolvem um defeito na barreira da mucosa intestinal, que aumenta a permeabilidade intestinal e promove a hipersensibilidade a antígenos que, em condições normais, seriam bem tolerados (figura 1).
 A outra hipótese sugere que a patologia desenvolver-se-ia a partir de uma resposta imunológica exagerada a antígenos luminais, levando à hipersensibilidade (figura 2).
 De uma forma ou de outra, o resultado seria a liberação de mediadores inflamatórios e estes seriam os responsáveis pelas manifestações clínicas.
As manifestações clínicas mais comuns são: vômitos crônicos, diarreia e perda de peso, embora as manifestações predominantes dependam das porções intestinais afetadas (quadro 1). Nos casos muito graves, pode-se observar hemorragia ou hipoproteinemia, uma vez que a patologia pode evoluir para enteropatia perdedora de proteína.
A doença pode ter caráter evolutivo ou pode apresentar-se como doença cíclica, manifestando episódios de diarreia/vômito, que se resolvem espontaneamente e depois voltam a surgir (JERGENS et al., 1992; TAMS, 2003a), além de que podem acontecer após um episódio de estresse (HALL; GERMAN, 2005).
A classificação da diarreia entre intestino grosso ou delgado, bem como classificar como diarreia crônica e/ou intermitente, parece ser útil (quadro 1) (CHANDLER, 2010). No entanto, a inflamação intestinal pode apresentar sinais tanto de intestino delgado quanto de intestino grosso, indicando afecção de ambos segmentos. Esse tipo de manifestação clínica é mais frequente no cão (STEINER, 2005)
O vômito, quando presente, pode ter como conteúdo: bílis, muco e alimentos não digeridos ou parcialmente digeridos (STURGESS, 2005). A presença de sangue no vômito e nas fezes indica maior grau de gravidade e, normalmente, está associada a infiltrados eosinofílicos (HALL; GERMAN, 2005) ou a ulceração/erosão gastrointestinal(TAMS, 2003b).
O apetite do animal pode estar diminuído, normal ou aumentado, não tendo grande valor diagnóstico (TAMS, 2003a; STURGESS, 2005), e a perda de peso sugere má digestão/má absorção, que poderia acompanhar a diarreia crônica de intestino delgado. Assim, em casos em que apenas o intestino grosso esteja envolvido, raramente há perda de peso, anorexia ou hiporexia, embora o vômito possa estar presente (CHANDLER, 2002b). Nos casos mais graves, a doença está associada à perda de peso e à enteropatia com perda de proteína (ALLENSPACH; WIELAND; GRÖNE; GASCHEN, 2007; KOBAYASHI et al., 2007).
Alguns casos de doença inflamatória intestinal podem ter como única manifestação clínica dor pós-prandial (DOSSIN; HENROTEAUX, 2004), enquanto outros autores sugerem que a doença pode estar presente mesmo sem nenhuma manifestação clínica (RISTIC;STIDWORTHY,2002). Já em casos de enteropatia perdedora de proteína, as manifestações clínicas listadas acima não são as mais comuns, porém outras manifestações são sugestivas, como, por exemplo, ascite e, às vezes, pode ter como única manifestação clínica a perda de peso (MARKS, 2011).
Embora a resposta imunomediada a componentes da dieta seja o principal fator desencadeante das manifestações clínicas desta patologia, seu diagnóstico é dependente da exclusão de outras causas de inflamação intestinal, tais como malformações anatômicas intestinais, agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos, parasitas), corpos estranhos, neoplasias intestinais, enteropatia responsiva aos antibióticos, enteropatia responsiva à dieta, linfangiectasia, insuficiência pancreática exócrina, bem como doenças extras ao trato gastrointestinal (GERMAN, 2005; WASHABAU et al., 2010).
Os exames laboratoriais a serem realizados são: hemograma; bioquímicos (hepático e renal); proteína total; albumina sérica; eletrólitos (Na, Mg, Ca); triglicérides; e colesterol.
Em geral, a patologia não altera parâmetros hematológicos e podem-se observar aumentos discretos nas enzimas hepáticas alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA).
De forma geral, a enteropatia perdedora de proteína está tipicamente associada à panhipoproteinemia, porém a ausência de hipoalbuminemia não exclui o diagnóstico. Em casos de hipoalbuminemia, outros problemas clínicos devem ser descartados, como hepatopatias, nefropatias, insuficiência pancreática exócrina etc. (MARKS, 2011).
As alterações em eletrólitos (hipocalemia e hipomagnesemia) e redução dos níveis plasmáticos de vitamina D são mais comuns em enteropatia perdedora de proteína, também dosagem de cobalamina e folato e essas alterações são mais comuns em pacientes da raça Yorkshire Terrier.
O exame ultrassonográfico pode ser fundamental para melhor elucidar as causas da enteropatia, sendo a espessura da parede intestinal e a avaliação dos linfonodos mesentéricos
A endoscopia constitui a ferramenta mais valiosa e menos invasiva para o diaganóstico por possibilitar a visualização da mucosa e a colheita de biópsias do estômago, do duodeno, do cólon e, ocasionalmente, do íleo (SUCHODOLSKI; STEINER, 2003).
No entanto, o diagnóstico conclusivo (padrão ouro) é obtido por meio da análise histopatológica do tecido lesado, desde que as amostras sejam de tamanho adequado (com número de vilosidades ou glândulas gástricas suficientes) e contenham a lâmina própria e o tecido da submucosa das células intestinais em sua profundidade.
O tratamento dessa alteração gastroentérica parece ser frustrante, uma vez que ele não tem como objetivo a cura clínica do paciente (uma vez que isso parece não ser possível, considerando que existe um mecanismo imunológico desencadeando o problema).
Portanto o objetivo da terapia é minimizar as manifestações clínicas, reduzir a perda proteica (nos casos em que ela está presente), diminuir ou corrigir a inflamação intestinal ou linfática, controlar a efusão ou o edema (CRAVEN; WASHABAU, 2019) e corrigir as alterações eletrolíticas e nutricionais do paciente.
Ao atender pacientes com sinais clínicos sugestivos de inflamação intestinal a principal estratégia que utilizo em meu consultório é o uso de moduladores inflamatórios (geralmente predinisolona 1 mg/ Kg por até 15 dias em protocolo de redução de dose a cada 3 dias) e substituição da dieta do paciente por um alimento de exclusão por 8 semanas, exclusivamente.
Infelizmente uma parte dos tutores não têm estrutura emocional para seguir o tratamento à risca, pois isso significa não fornecer nenhum outro tipo de alimento a esse animal durante o tratamento, portanto a relação social humano-animal, principalmente nos horários de refeição fica comprometida.
Mas, aqueles que conseguem seguir o tratamento à risca ficam muito satisfeitos com a remissão das manifestações clínicas e retorno à qualidade de vida ao seu filho de quatro patas.
A estratégia que utilizo para manter o tutor focado para seguir o tratamento certinho é estar disponível para elucidar suas dúvidas e ouvir suas angústias, considerando cada dia sem desvios alimentares uma vitória para o sucesso do tratamento!

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SIMMERSON, S. M. et al. Clinical features, intestinal histopathology, and outcome in protein-losing enteropathy in yorkshire terrier dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 28, n. 2, p. 331-337, mar. 2014.
STURGESS, K. Diagnosis and management of idiopathic inflammatory bowel disease in dogs and cats. Practice, v. 27, p. 293-301, jun. 2005.
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Alimentação Natural ou Ração?

Isto é
Introdução: Se você fizer uma busca no google irá encontrar 7.530.000 referências sobre alimentação natural para cães, mas, como tudo que é tendência existem pessoas despreparadas querendo surfar a onda.. A consequência é que voltaram a ser relatados casos de desnutrição e colocando algo que poderia ser muito interessante de volta nas restrições dos médicos veterinários. Venha entender por quê.

É inegável que ver um cão comendo um prato de alimentos frescos, compostos por carne, vísceras, tubérculos, legumes e verduras é muito mais agradável que vê-lo comendo um prato de ração seca, monótona e sem graça.
Dessa forma, muito tem se questionado sobre o hábito de fornecer ração para os cães e para os gatos, tanto que alguns profissionais da área de alimentação natural têm condenado as rações como responsáveis de causar problemas de saúde para esses animais, sugerindo, inclusive que a única forma de garantir longeividade para esses peludinhos é o fornecimento de alimento natural. Mas será que as coisas funcionam assim mesmo? Será que esse tipo de alimento é tão vilão a ponto de colocar a vida de nosso filho de 4 patas em risco?? E será que a promessa da internet, de facilitar os processos de confecção dos cardápios naturais não traz prejuízos? as vezes até maiores que o fornecimento de ração? Na década de 80 (provavelmente na época de seus pais) era comum fornecer aos cães bofe (pulmão de boi) com polenta e era muito comum esses cães viverem poucos anos e apresentarem problemas de saúde devido a desbalanceamento nutricional. Com o advento e popularidade das rações esses problemas acabaram! Pelo menos para aqueles cães que só comiam ração, ou tinham como principal alimento a ração. Não é a toa que os veterinários passaram a prescrever exclusivamente ração como método de alimentação. Recentemente, nos últimos 5 – 7 anos, voltou-se a discutir o uso de ração e passou-se a prescrever alimentos frescos, de uma forma mais elaborada que o bofe com polenta, mas coincidentemente voltamos a ver relatos na literatura de cães com alterações metabólicas por desbalanceamento nutricional... e agora?
Se eu pedir para você excluir todo fator emocional relacionado ao processo alimentar de seu pet, responda sinceramente: o que o organismo dele precisa? Alimento ou nutriente??? E a resposta é nada charmosa! Eles precisam de nutrientes! E mais, precisam de 30 a 40 nutrientes essenciais! Ou seja, aqueles que obrigatoriamente devem estar presentes no alimento, pois o organismo deles não é capaz de produzir por si só... Consequentemente, não importa se esses nutrientes virão de um alimento sofisticado, com bardana, carne de jacaré, batata yakon e couve de Bruxelas.... ou se virá da sem graça e monótona ração... o que importa é que o alimento contenha essas 30 – 40 nutrientes.. Chocante né? Então, se você confiar que o nutrólogo que está formulando para seu cão tem o controle desses 30 – 40 nutrientes, a fim de evitar sub ou superfornecimento e conseguir garantir que não haverão desvios no preparo e fracionamento, bem como não haverá omissão no fornecimento dos suplementos prescritos! Ótimo! O método da alimentação natural será muito interessante para seu cão, e você ainda irá se deleitar em selecionar e preparar esse alimento, estando ainda mais próximo do seu filho de 4 patas, além de que será muito gratificante vê-lo se esbaldar com sua refeição. <br> <br>Mas, se você não tem tempo, disposição, organização ou duvida que não conseguirá garantir alterações ou omissões no preparo, não tem problema... a ração garantirá todos os nutrientes que seu peludo precisa. Dentre os argumentos contra a ração, têm-se apontado: teor de amido (carboidrato); contaminantes, ingredientes transgênicos, aditivos, produtos de glicação avançada entre outros... mas esses são tópicos para outros posts. É claro que existem fabricantes mais ou menos idôneos, porém existem produtos confiáveis que irão promover qualidade de vida e longeividade para seu filho de 4 patas, sem culpa!

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Nutrição: Mais ciência e menos romantismo, por favor! (parte 1)

Isto é
Introdução: Como formular um alimento sem um software ou uma planilha de formulação? Você já viu rótulos ou perfil nutricional de alimentos comerciais (ração ou alimento natural) descrevendo porcentagens de carne fresca, vísceras, carboidrato e legumes? Eu nunca vi... sempre vejo as informações em teor de proteína, gordura, amido e microingredientes.
Qual a diferença entre as metodologias?

Como já falei anteriormente, e você me verá falando isso várias e várias outras vezes, é óbvio que é mais prazeroso ver um cão comendo um prato de alimentos frescos do que ração. E não vou negar que eu ADORO prescrever alimentos frescos para meus pacientes, mas não posso fechar os olhos para os inúmeros riscos que essa prática oferece.

A começar pelo já tão batido tópico do “alimento completo e balanceado”. Isso significa que ao invés de falar em porcentagem de carne fresca, vísceras, legumes e carboidratos, devemos falar em porcentagem de proteína (aminoácidos), gordura, amido, vitaminas e minerais...

Mas o que significa isso na prática? De forma muito simples e objetiva, significa que não importa qual ingrediente é composto o alimento, desde que ele forneça os nutrientes que o animal precisa.

Isso significa que, quando você considera que o alimento em questão apresenta 40% de carne fresca, em 100 gramas de alimento ele contém 40 gramas de carne, certo? Mas qual teor de proteína e de aminoácidos desse alimento? A tabela abaixo mostra um exemplo de fácil compreensão:


É possível verificar que existe uma variação de 15% entre o teor de proteína e de aminoácidos dos ingredientes analisados. Dessa forma a simples variação de ingredientes altera em 15% o teor de proteína do alimento, o que pode ou não representar uma deficiência nutricional. vai depender para qual animal vamos oferecer esse alimento e de sua necessidade nutricional. É importante salientar que o cão precisa receber os aminoácidos essenciais DIARIAMENTE em sua alimentação para manter seus metabolismos funcionando adequadamente, pois ele não possui um sistema de armazenamento desses nutrientes...

Assim, a idéia de variar ingredientes ao longo da semana, com o intuito de prover todos os nutrientes no período não funciona adequadamente para aminoácidos..

No exemplo acima eu demonstrei a diferença entre os métodos apenas para as proteínas, agora teríamos que repetir isso para as gorduras, vitaminas e minerais... Imagina fazer essas conferências e cálculos todos na mão? Cada cardápio iria levar uns 15 dias para ficar pronto! Assim, é imprescindível uma ferramenta que facilite esse cálculo!

Você sabe como o nutrólogo do seu cão formula o alimento prescrito?

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Nutrição: Mais ciência e menos romantismo, por favor! (parte 2)

Isto é
Introdução: Como pode haver pessoas e empresas propondo fornecimento de alimento para cães saudáveis, com a proposta de ser um alimento saudável, por ser “natural”, sem suplementação?
Prefiro acreditar que é falta de conhecimento e que a culpa talvez seja dos “cursos profissionalizantes” de 1 final de semana que tanto invade nossa tela de computador com a proposta de uma renda garantida e uma promessa de mais saúde... Se você der um google sobre o assunto, vai encontrar mais de 5 milhões de referências.

Para fornecer um alimento completo e balanceado para cães e gatos, precisamos fornecer: proteína (de boa qualidade e digestibilidade e que atenda todos os aminoácidos); gordura (ômega 6 e ômega 3); vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, macrominerais e microminerais. Se você não fornecer um alimento que contenha ingredientes que sejam fontes desses nutrientes é IMPOSSÍVEL oferecer um alimento completo e balanceado sem acrescentar suplementos...
E se você estiver se perguntando “por que tenho que usar na alimentação de cães se não usamos na alimentação humana”, sinto em te informar, mas somos suplementados o tempo todo: de forma direta, quando você compra o centrum na farmácia ou de forma indireta nos alimentos que consumimos, como: farinha de trigo, na bolacha, no leite, etc
Alguns exemplos de alimentos fontes de nutrientes essenciais, que não são tão comuns nos cardápios comercializados, pelo menos na cidade de Londrina, são: salmão de vida livre (por ser fonte de EPA e DHA); óleo de girassol (por ser fonte de ômega 6); castanha do pará (fonte de selênio); gergelim preto (fonte de magnésio), entre outros... O alimento natural que você compra tem esses ingredientes? Se não, certifique-se que eles sejam fornecidos na forma de suplementos..
Outros três fatores que me arrepiam quando eu ouço de um fabricante que ele não acrescenta nenhum tipo de suplemento “químico” ao alimento são:
1- Nutrientes hidrossolúveis estarão na água do descongelamento – assim, se você jogar fora aquela “aguinha” que fica no prato após o descongelamento, pode dar adeus às vitaminas do complexo B, vitamina C e outros nutrientes hidrossolúveis...

2- Se não houver inclusão de gordura, óleo de girassol e carnes gordas – podemos dar adeus também ao ômega 6 (ácido linoleico e aracdônico) que são essenciais.. Eu não compreendo por que tantas pessoas incluem azeite de oliva ao alimento dos cães... afinal ele contém muito pouco ômega 6, porém tem bastante ômega 9, que tem ação benéfica no organismo, agindo diretamente no controle do colesterol sanguíneo, porém não é essencial, uma vez que o organismo é capaz de metaboliza-lo.

3- Quem garante que o teor de nutrientes presentes nos alimentos produzidos hoje é o mesmo dos alimentos analisados quando as tabelas de composição de alimentos foram elaboradas? Ou se são os mesmos que os alimentos tinham há 20 anos atrás?
Eu sempre tive dúvidas em relação a isso, tanto é que, eu submeti algumas receitas formuladas por mim a análise bromatológica e, para minha surpresa (ou não) foram observados variações no teor de umidade (4% mais umidade do que eu esperava) e de proteína total (8% a menos do que eu esperava).
Essa variação pode parecer pequena, mas pode também promover um desequilíbrio nutricional e trazer graves consequências para a saúde do paciente.
Essa preocupação é tão séria entre os nutricionistas e os pesquisadores em nutrição que em, 2018 foi realizado um trabalho avaliando diversas receitas encontradas tanto na internet como em artigos científicos e livros textos. O objetivo era observar se esses cardápios atendiam a necessidade nutricional para a espécie e fase de vida que estava sendo prescrito e a conclusão da autora foi que NENHUMA receita atendia em 100% as necessidades dos animais, mesmo aquelas que indicavam uso de suplemento externo.
E sabe por que essas coisas acontecem e passam despercebidas? Por que Deus é tão perfeito em tudo que faz, que dotou o organismo vivo (humano ou animal) de uma inteligência imensurável, permitindo que ele continue executando suas funções mesmo que lhe falte o básico e assim, consumindo suas reservas e esse peludinho só vai ter problema quando exaurir essas reservas (depois de 5 -6 anos em desnutrição) e, mesmo assim, não será possível verificar em exames laboratoriais comuns.
Um exemplo muito prático disso é que, um cão com hiperparatireoidismo secundário nutricional , ou seja, que está com deficiência de cálcio na dieta e, consequentemente está consumindo o cálcio dos ossos, apresentando fraturas ósseas expontâneas não irá apresentar alterações no nível de cálcio sanguíneo... assim, exige ao clínico que atender esse paciente compreender esse mecanismo de compensação e solicitar o exame correto, que é a dosagem de paratormônio.. e, consequentemente possa concluir que o problema é nutricional.

Assim, se você compra alimento natural pronto para seu cão, certifique-se que:
1- A pessoa que produz o alimento é capacitada;
2 – se existe um médico veterinário responsável pela formulação;
3- se a pessoa inclui suplemento comercial para balancear os micronutrientes (e nesse quesito não vale a farinha de casca de ovo..., me refiro a suplemento comercial específico para alimento caseiro, como por exemplo o complete, food dog, etc)
4- O preço seja compatível com a proposta! Afinal, alimento natural é caro e elaborado. Se te propuserem um valor muito barato que mal cobre o custo com os ingredientes frescos ou que seja semelhante a ração seca – FUJA!! Os suplementos são os itens mais caros de um alimento completo balanceado, portanto se a proposta for muito atrativa comercialmente, muito provavelmente está faltando suplementos importantes!
Obrigada pela atenção!

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E quais os problemas das Rações?? Parte 1 - MONODIETAS

Isto é
Introdução: Embora tenhamos falado nos posts anteriores que as rações garantem ao animal um alimento equilibrado e balanceado em cada grãozinho ingerido e por sabermos que o seu formado impede a segregação de ingredientes, de acordo com a palatabilidade, se ela fosse tudo de maravilhoso não teríamos uma “rebelião” crescente em relação a esse método de alimentação. dentre os diferentes problemas, hoje falaremos das monodietas.

Os profissionais que condenam acirradamente o uso de rações utilizam como um grande argumento o fato dela não promover variação de ingredientes, ou seja, o seu animalzinho come a vida toda o mesmo alimento. Não existem evidências científicas que demonstrem que monodietas são prejudiciais à saúde de cães e gatos, consequentemente, o argumento de que esse tipo de manejo alimentar é prejudicial não procede.
Alguns cães podem desenvolver hipersensibilidade alimentar, no entanto, a fisiopatogenia dessa condição não é completamente compreendida, mas existem fortes evidências que existe um fator genético envolvido. Daí tem-se questionado se a monodieta não iria favorecer o surgimento desse tipo de sensibilidade, porém não existem evidências científicas disso, pelo contrário, a prática de variações de ingredientes na dieta dos cães acaba atrapalhando o emprego do principal método de investigação das hipersensibilidades, que é a dieta de exclusão alimentar.
Ao meu ver, não teria necessidade de variações de ingredientes, uma vez que os nutrientes que a dieta não forneça seja balanceado pelo uso de suplemento de vitaminas e minerais, mas, se você morre de pena de dar sempre o mesmo cardápio para seu peludinho, sugiro o fornecimento de 2 cardápios de forma alternada, e de modo que esses cardápios sejam formulados com ingredientes comuns, reservando ingredientes diferentes ou exóticos para elaboração de cardápios de eliminação, caso ele necessite em algum momento de sua vida.

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E quais os problemas das Rações?? Parte 2 - Ultraprocessamento e AGE’s

Isto é
Introdução: ultraprocessamento, reação de Maillard e produtos de glicação avançada, o que são e o quais consequências na saúde de cães e gatos?

As rações adquirem a consistência firminha e crocante porque sua “massa” é submetida a um processo que envolve temperatura, umidade e pressão, chamado extrusão termoplástica. Esse processo é o mesmo utilizado para confecção de salgadinhos do tipo “cheetos” (mas não confunda uma coisa com a outra.. os salgadinhos não tem valor nutricional algum!!).
No processo de extrusão a massa é “cozida” em altas temperaturas que irá cozinhar o amido presente na massa, promovendo sua expansão e gelatinização, o que irá, quando resfriado, promover a crocância e o aspecto “sequinho” dos kibbles (que é o nome que a indústria dá pra cada grãozinho de ração).
O tempo de cozimento, gelatinização e expansão vai interferir diretamente na digestibilidade e tempo de digestão do alimento. Assim, é variável de acordo com o interesse do nutricionista, por exemplo: rações de alta digestibilidade e rápida absorção terão maior cozimento da “massa” enquanto que rações para controle de peso terão menor cozimento da “massa” e assim por diante...
Muito se questiona esse processo, em relação ao aproveitamento da proteína, pois sabe-se que temperaturas muito altas comprometem a digestão desse nutriente por provocar um processo de “caramelização” da proteína do alimento (reação de Maillard). Ao contrário do que a maioria pensa, não se objetiva essa reação no cozimento da “massa” da ração, por que, realmente essa caramelização atrapalha o aproveitamento da proteína da dieta.
Outro tópico mais recentemente abordado se trata sobre o produto de glicação avançada (AGE’s), proveniente do processo de ultraprocessamento, que nada mais é que um nome sofisticado para a reação que expliquei no parágrafo anterior que é a reação de Maillard, ou a reação entre compostos de proteína com compostos de amido... Esses produtos de glicação avançada são naturalmente produzidos no organismo em condições de doença inflamatória crônica, porém é mais crítico em situações de diabetes. A principal fonte de AGE’s exógena (de fora do organismo) é o alimento, porém eles acontecem em maior concentração em situações de processamento em temperatura superior a 170° C (http://nutritotal.com.br/pro/o-que-sa-o-produtos-de-glicaa-a-o-avana-ada-e-quais-as-implicaa-aues-para-a-saaode/), porém esse não é o caso do processamento das rações de cães e gatos, em que se espera que a temperatura da “massa”, na saída da extrusora, inferior a 95° C, portanto estima-se que a temperatura máxima na extrusão deve chegar no máximo a 130° C. Dessa forma, as rações para cães e gatos não estão entre os alimentos com maior probabilidade de formação de AGE’s, e, lembrando que esses “resíduos” estão sendo questionados para pacientes portadores de doenças inflamatórias crônicas, que já adianto, têm o metabolismo completamente diferente em comparação com um paciente saudável..
Então, esse argumento é falho... vamos buscar outros motivos para justificar o alimento fresco, como por exemplo o maior teor de umidade (cerca de 70% de umidade versus os 10% da ração), maior volume de alimento por porção (praticamente o dobro comparado com a ração), promovendo mais saciedade ao cão e mais satisfação emocional ao tutor....

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E quais os problemas das Rações?? – parte 3 - Subprodutos!

Isto é
Introdução: Tem um vídeo rolando na internet mostrando diversos rótulos de produtos industrializados para cães e questionando de forma sensacionalista onde está a carne no produto, então, sendo objetivo, é óbvio que os cães não precisam comer carne fresca (assim como nós) para ter acesso a uma fonte de proteína de qualidade!!


Como falei no primeiro post desse blog, cães e gatos precisam de nutrientes (assim como nós humanos) e não ingrediente.. dessa forma, contanto que a fonte do nutriente seja de boa digestibilidade, segura em relação a contaminantes e inócua a saúde, não existe nenhuma restrição ao seu uso como ingrediente...
Além disso, segundo a FAO/WHO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) estima-se crescimento da população mundial para 9,8 Bilhões de pessoas até 2050!!! Para alimentar esse monte de gente a agência estima que a produção de alimento deve aumentar em 70%!! (http://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/pt/c/901168/). Se a meta já é arrojada, imagina se todos os cães e gatos do mundo (estima-se que atualmente temos 173 milhões de cães e 204 milhões de gatos) passassem a comer ingredientes frescos? Eles seriam concorrentes direto ao alimento disponível para a população. Tá certo isso? Enquanto temos cerca de 805 milhões de pessoas ao redor do mundo passando fome? Além de que, os cprodutos cárneos dos frigoríficos são excelentes fontes de proteína, tanto, que utilizamos alguns deles na alimentação humana (como é o caso da Carne Mecanicamente Separada), para onde iriam todos esses coprodutos se parássemos de usar na alimentação de cães e gatos?? Só pra lembrar que nós já produzimos cerca de 1,3 bilhão de toneladas de resíduos que não podem ser utilizados de forma alguma?
Para ficar mais fácil sua compreensão do problema, como você se sente ao ver restaurantes jogando fora comida que não foi vendida, ou feirantes descartando os produtos que não foram comercializados?
Veja, o fornecimento de alimentos frescos é a coqueluche da alimentação de cães e gatos, mas para argumentar essa prática não é nenhum pouco justo simplesmente considerar todos os coprodutos tóxicos ou responsáveis por problemas de saúde.

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E quais os problemas das Rações?? – parte 4 -Amido e Transgênicos!

Isto é
Introdução: “Há mais coisas entre o que se espera e o que se obtém em relação ao metabolismo de cães e gatos do que sonha nossa vã filosofia”


Existem muitas discussões a respeito dos transgênicos, se faz mal se não faz mal, se existe algum problema na saúde com seu uso constante a longo prazo, enfim... Não existe consenso na literatura a esse respeito. Enquanto artigos relatam maior uso de pesticidas em culturas transgênicas (https://reporterbrasil.org.br/2013/11/transgenicos-e-agrotoxicos-uma-combinacao-letal/) outras evidências mostram que as culturas transgênicas são mais resistentes, naturalmente, às pestes, e portanto, não precisa usar tantos agrotóxicos (file:///C:/Users/User/Downloads/23-93-1-PB.pdf), porém sabe-se que o maior argumento do uso de transgênicos é que apresentam maior produtividade que os não transgênicos (https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2013/01/produtividade-e-a-principal-vantagem-no-uso-de-transgenico-mostra-estudo-4014657.html) e, consequentemente seria a saída para aumentar a produção de alimento no mundo. Eu não tenho opinião formada a respeito, por enquanto estou tendenciando para o lado da produtividade, mas nada contra com quem, por filosofia é contra os transgênicos...
Já em relação ao teor de amido, realmente as rações apresentam altos teores desse macronutriente (pode chegar até a 60% do total do alimento), mas... e daí? Esse macronutriente não é essencial para os cães e para os gatos, fato... mas não tem evidência científica que comprove que seu fornecimento seja prejudicial à saúde dessas espécies. Se eu conseguir atender a necessidade nutricional de proteína (e dos aminoácidos) e de gordura (que são os macronutrientes essenciais) e sobrou espaço na fórmula, eu posso preencher esse espaço com carboidrato, sem problema nenhum...
“Ah Julian, mas e a alta absorção de amido? Não vai fazer pico de glicemia e provocar exaustão pancreática e desencadear diabetes??” Para cães não, a diabetes dos cães é do tipo 1 (de origem genética). Apesar deles desenvolverem essa doença quando adultos ou idosos e, em geral, quando obesos, não existe evidencia científica que o teor de amido do alimento que ele comeu durante a vida esteja relacionado com o desenvolvimento da diabetes...
Para o gato, também não! Embora o gato tenha a diabetes tipo 2 (desencadeada por hábitos alimentares inadequados – obesidade), o principal nutriente estimulante à glicemia e liberação de insulina nessa espécie é a proteína!! Isso mesmo, não se assuste! Ao contrário do que se pensa, a literatura tem demonstrado que o carboidrato para gatos controla o consumo de alimento!! e, consequentemente pode ser uma ferramenta para controle de peso!! Pasmem!! Mas é isso aí.... assunto para outro tópico! Aguardem!
Ah! Sabe por que o amido não é essencial para cães e gatos? Por que eles não dependem desse nutriente para manter a glicemia!! Isso mesmo, eles são classificados como animais “neoglicogênicos” – Neo de “novo” e glicogênico de “glicose”, ou seja, eles têm capacidade de produzir glicose a partir de compostos não glicídicos (que não contém glicose, como é o caso de proteínas e gorduras).
Además, existem tantos tipos de amido! Os de liberação rápida, de liberação lenta, os resistentes... e cada um pode ser utilizado de acordo com a necessidade do nutricionista... exemplos: cão com gastrite ou enterite (vômito e diarreia) – vou usar amido de liberação rápida.. digere rapidinho, não sobrecarrega estômago nem intestino... cães gordinhos (epidemia mundial!!) ou diabético – vou usar amido de liberação lenta ou resistente, que promove saciedade por mais tempo, controla melhor a curva glicêmica ...
“Mas Julian, qual o problema do amido então?!” Nenhum... desde que o alimento não se resuma a apenas amido!
Ufa... viu o problemão de tentar estimar o metabolismo de cães e gatos a partir do metabolismo de humanos???
Parafraseando Shakespeare: “Há mais coisas entre o que se espera e o que se obtém em relação ao metabolismo de cães e gatos do que sonha nossa vã filosofia”

Inclusive, existem trabalhos demonstrando que, de acordo com a exigência metabólica do paciente o amido é essencial para preservar energia de nutrientes caros (como é o caso da proteína). Cadelas gestantes têm melhores índices reprodutivos quando alimentadas com gordura, proteína e amido do que aquelas que são alimentadas apenas com gordura e proteína!

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E quais os problemas das Rações?? – parte 5 - Cereais!

Isto é
Introdução: Cereais e micotoxinas, seriam sinônimos? e agora?


Agora chegamos a parte que eu mais gosto! Farinhas de cereais!
Essa é a parte que eu mais condeno nas rações! Os principais cereais utilizados na confecção de ração são o milho, o trigo, o arroz.. Ingredientes com alto teor de micotoxinas! Embora a principal toxina falada para petfood seja a aflatoxina essa é a que menos me preocupa, primeiro, por que é toxina de armazenamento. Se a empresa adquirir milho de armazéns responsáveis teremos teores muito baixos dessa toxina, segundo que a principal classe de adsorvente de micotoxinas (os aluminosilicatos) dão conta dela de forma eficiente! Consequentemente temos menos problemas de intoxicação por ela em cães e gatos (desde que essa ração seja de origem idônea!!!)
Agora, minha pergunta que nunca cala! E ninguém me respondeu de forma convicente ainda! E as toxinas de fusarium? O Fusarium moliniforme é um fungo de campo!! Ele produz as toxinas lá na plantação! Sempre que esse fungo entende que está sendo ameaçado ele produz suas defesas, que são as micotoxinas...
Nesse grupo de toxinas, temos aquelas que fazem alteração gastroentérica, outras que fazem alterações reprodutivas, outras que fazem alteração imunológica...
È aí? Qual o cuidado que as indústrias têm com elas? Até agora ninguém conseguiu me convencer que existe um cuidado efetivo com elas.
O principal argumento é que “não se encontrou ainda níveis importantes dessas toxinas nas rações”. Gente! Pra mim, de acordo com meu singelo conhecimento de causa, se temos mais de 90% do milho brasileiro (matéria prima) com maior ou menor grau de contaminação, como pode não encontrar contaminação na ração?! No entanto, outros países encontram essas toxinas em produtos coadjuvantes (aqueles prescritos por veterinários para auxiliar no tratamento de doenças)! Assim, no meu ponto de vista, o problema não é a falta da contaminação, mas sim o problema de metodologia!
A pressão do consumidor nesse sentido foi tão grande que já se desenvolveu “produtos sem grãos” (grain free), que, ao meu ver, o único benefício é não conter milho... por que de resto, tem tanto quanto amido que a ração convencional e esteve relacionado a problemas de saúde em cães de grande porte... (que também é assunto para outro post)..

E aí? O que você pensa a respeito? Vamos conversar?

Minha opinião final: eu prefiro prescrever alimentos caseiros! O principal motivo é que eu consigo elaborar o alimento de acordo com os nutrientes e suplementos que eu acho que melhor atende a necessidade do meu paciente e ainda me proporciona a possibilidade de alterar a fórmula conforme a necessidade do paciente ou do tutor, ou até mesmo de acordo com a palatabilidade do alimento prescrito e, a coqueluche de tudo é que eu consigo tratar quantas patologias concomitantes o paciente tenha, com o mesmo alimento, enquanto que com as rações isso é impossível!!

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PROTEÍNA - O SUPRASUMO DOS NUTRIENTES!

Isto é
Introdução: Embora todos esses nutrientes sejam importantes para a saúde dos nossos peludinhos e, consequentemente, quando em falta comprometem o desenvolvimento do animalzinho, eu considero a proteína o início de tudo! Exatamente por isso você vai me ver falar muito dela ainda! Mas cuidado! Nem toda fonte de proteína é completamente aproveitada pelo organismo e carne não é sinônimo de proteína, mas sim uma fonte de qualidade desse nutriente. Venha entender por quê!

As proteínas são moléculas grandes compostas por moléculas menores chamadas aminoácidos. Para ficar mais fácil de compreender, imagine um quebra-cabeça: a figura pronta é a proteína e as pecinhas utilizadas para montar a figura são os aminoácidos.
Esses aminoácidos são compostos orgânicos que contém nitrogênio, carbono, oxigênio e às vezes contém enxofre. Para cães são essenciais 10 dessas “pecinhas” e para gatos são essenciais 11 delas.
As proteínas são utilizadas em todo o organismo! Por isso eu as considero o nutriente suprassumo! Elas estão presentes em todas as células (assim como as gorduras, que falaremos em outro post), é com elas que o organismo forma os músculos, são importantes para as reações enzimáticas, para formação de neurotransmissores (que fazem você pensar, sentir e ser coordenado) e hormônios (que permite você controlar seu peso, sua temperatura, se reproduzir, etc). É por causa delas que você tem sangue circulante nas suas veias e artérias, ao invés de ter líquido acumulado no seu abdômen (barriga) ou nas suas pernas ou nos seus pulmões.
(a esse acúmulo de líquido chamamos edema, e eles acontecem, entre outros motivos, quando extravasa líquido dos vasos sanguíneos por falta de pressão oncótica e as proteínas que são responsáveis por essa regulação).
Elas também são responsáveis pelo controle do pH* do sangue e pelo transporte de várias moléculas, o que permite que substâncias provenientes do trato gastrointestinal chegue aos outros órgãos e sistemas e que resíduos desses locais sejam eliminados do organismo. Exemplo de substâncias que são transportadas pelas proteínas: gordura, hormônios, medicamentos, bilirrubina (forma de resíduo do fígado), entre outros.
(* o pH do sangue precisa ficar em torno de 7,4, caso se eleve – alcalose metabólica – ou abaixe – acidose metabólica – seria desencadeado uma série de mecanismos de compensação que colocaria sua vida em risco; ou seja, se não houvesse um sistema de controle de pH no sangue você não estaria pensando e respirando normalmente nesse momento).
Só por esses motivos já é possível compreender o quanto esse nutriente é importante e essencial ao organismo! Consequentemente entende-se o quão importante e crítico é a escolha da fonte desse nutriente.
A principal fonte dessas “pecinhas” para cães e gatos são os produtos cárneos ou seus derivados. No entanto existem diferentes fontes de proteína e aminoácidos, inclusive fontes não cárneas (derivados de vegetais) e também fontes que não apresentam aproveitamento pelo organismo (ou muito pouco aproveitamento).
Ainda sobre fontes cárneas e não cárneas, precisamos entender que os cães são considerados carnívoros oportunistas (ou onívoros), assim, se necessário conseguimos elaborar um alimento que atenda a necessidade de proteína e aminoácidos com fontes de proteína vegetal, porém não conseguimos atender as exigências para os gatos com essas fontes, uma vez que eles são carnívoros estritos, ou seja, precisam receber sua proteína de produtos exclusivamente cárneos!
Por haver tanta diferença entre as fontes de proteína vocês vão ouvir muito a falar de digestibilidade (aproveitamento) e, obviamente quanto maior a digestibilidade, maior o custo do ingrediente, o que eleva o custo do alimento, mas também a necessidade de inclusão dele para atender as necessidades do paciente é menor!
Dentre as fontes de proteína utilizadas pela a indústria de petfood destacam-se a CMS (carne mecanicamente separada); a farinha de carne e vísceras e a farinha de carne. Esses são os ingredientes de maior digestibilidade, portanto, quando você for analisar um rótulo de alimento a fim de escolher o melhor para o seu animalzinho, ao invés de focar no “teor de proteína bruta”, foque nos ingredientes na “composição básica do produto” e opte por aquele que contenha esses ingredientes como fonte de proteína.
Já, na “alimentação natural”, as principais fontes de proteína são os produtos cárneos, ou seja, carne mesmo! Daquelas que a gente usa na nossa alimentação. Obviamente a digestibilidade dessa fonte de proteína é maior que as farinhas utilizadas pela a indústria, mas precisamos ter em mente que o fato de você usar uma quantidade específica de carne ela não contém APENAS proteínas, como às vezes é inferido na formulação por proporções. Nesse método de elaboração de alimento natural é comum inferir a quantidade de ingredientes protéicos como proporção de “30 -40% de proteína”. O problema de utilizarmos o termo “proteína” para a quantidade de carnes é bastante grave, pois pessoas que não são da área de nutrição vão achar que o alimento terá 30 a 40% de proteína, enquanto que a quantidade de proteína nas carnes que utilizamos como ingredientes na alimentação natural contém em torno de 24 – 30% de proteína. Mas o que isso significa na prática? Significa que, se eu tenho 30 – 40% de inclusão de um ingrediente que contém de 24 – 30% de proteína eu tenho, na verdade, 7 a 12% de inclusão de proteína real. A diferença é gritante, não é?
Outra preocupação que temos que ter é quantidade dos aminoácidos, ou seja, das “pecinhas” que compõem a proteína total. Isso porque a quantidade dessas pecinhas é diferente nos diferentes tipos de carnes que utilizamos na alimentação natural, como você pode ver na tabela acima, e, se não utilizarmos um mix de carnes que atenda a exigência de cada pecinha de forma individual é imprescindível o fornecimento do aminoácido que falta através de suplementação, pois, mesmo que façamos variações de fontes de proteínas ao longo da semana, o organismo não consegue “guardar” aminoácidos para usar quando todos que são necessários estejam presentes... ou seja, o organismo precisa de todos eles todos os dias!


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GORDURAS - ANTIGO VILÃO PARA ....

Isto é
Introdução: Sempre existiram muitas controvérsias em relação às gorduras! Durante muito tempo preconizou que elas deveriam ser retiradas da alimentação humana, tanto que criou-se um preconceito a elas na alimentação dos seus peludos! Os tutores vêm com muita restrição seu uso na hora de preparar a comida dos pets tanto que as vezes as omitem até quando são prescritas pelo veterinário... e agora? Qual o problema disso? Venha entender melhor..

As gorduras são os ingredientes mais calóricos do alimento e as pessoas a associam com ganho de peso, aumento de colesterol sanguíneo etc.. Por isso quando o veterinário prescreve a gordura, muitos tutores acham que é demais e tendem a excluir do preparo...
Esse nutriente é um dos principais palatabilizantes para os cães, ou seja, sem gordura o alimento fica sem graça e o cãozinho.
Eles são fontes de ácidos graxos e lipídeos. Têm função estrutural (também estão presentes em todas as células, junto com as proteínas, compondo suas membranas), são importantes constituintes do cérebro e da retina (olho), são a principal fonte de energia do organismo, e são utilizadas para formação de hormônios, das imunoglobulinas (que fazem a resposta imunológica), promovem a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E).
Elas podem ser classificadas em gorduras saturadas e insaturadas, sendo essas últimas as mais importantes para os cães e gatos.
Dentre as gorduras insaturadas temos as gorduras classificadas como ômegas e subdivididos em ômega 3, 6 e 9.
Os ácidos graxos da família ômega 3 são: o ácido linolênico e os ácidos que realmente promovem benefícios à saúde dos cães e dos gatos são os ácidos eicosapentóico (EPA) e docosaexaenoico (DHA). Algumas espécies animais conseguem, através da ação de enzimas dessaturases e elongases, converter o ácido linolênico em EPA e DHA, no entanto, os cães e gatos não conseguem realizar essa conversão. (Embora alguns relatos sugiram que os cães consigam realizar essa conversão, a taxa é muito baixa, por isso eu considero que eles não convertam!!). Assim as únicas fontes desses ácidos graxos para os cães e gatos são o óleo de peixe marinho (de vida livre e águas frias e profunda); óleo de Krill; óleo de algas e microalgas. Embora o óleo de linhaça seja popularmente conhecido como uma fonte vegetal de ômega 3, ele não contém EPA e DHA, ele contém apenas o linolênico. Dessa forma, considerando que esses peludinhos não conseguem fazer a conversão, seu uso na alimentação de cães e gatos têm como única função o fornecimento de energia..
Os ácidos graxos da família ômega 6 são: o linolêico, gama-linolêico e o aracdônico! Assim como na família dos ômega 3, os ácidos da família ômega 6 podem ser convertidos a partir do linoleico, pela ação de elongasses e dessaturases, mas, assim como acontece na família dos ômega 3, cães e gatos também têm dificuldade de converter esses ácidos, tornando o aracdônico (última etapa da conversão) um ácido graxo essencial para essas espécies.
As principais fontes desses ácidos são: gordura de origem animal e óleos vegetais, sendo que dessa categoria, o que mais contém concentração de linoleico é o óleo de girassol.
Na alimentação natural de cães e gatos, o azeite de oliva tem sido utilizado em grande escala... Aparentemente os tutores não se incomodam com sua utilização e até o associam como “fonte de saúde”. Mas se analisarmos ele um pouquinho mais a fundo, veremos que ele é uma fonte importante de ômega 9 e pobre em ômega 6 e ômega 3.
Mas, qual dessas três famílias é considerado essencial para cães e gatos? Ômega 3, 6 ou 9? Sinto em lhe informar, mas apenas os ômegas 3 e 6 são essenciais. O organismo é dotado das ferramentas necessárias para sintetizar o ômega 9 por si só. Então, embora o azeite de oliva ajudasse de alguma forma no controle do colesterol (evidência comprovada em seres humanos) não traria benefícios nutricionais, além de fonte de energia, para cães e gatos.
Embora as gorduras sejam consideradas um macronutriente, na formulação de alimento natural pelo método de proporções elas não entram na distribuição de ingredientes, mas como “complemento obrigatório”, talvez por que elas já façam parte da composição da porção de carnes e de vísceras, mas precisa verificar se o teor de gordura oferecido por esses ingredientes atenda a necessidade nutricional diária do paciente.
Dessa forma fica claro que não podemos omitir o fornecimento de gorduras na alimentação de cães e gatos, pois, se fizermos isso promoveremos desbalanceamento nutricional e poderemos provocar alterações hormonais, qualidade da pelagem e pele, disfunção cognitiva, alterações nos olhos, etc..
Assim, quanto o veterinário prescrever a gordura, não tenha mais preconceito, ok?!

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CARBOIDRATO – De nutriente não essencial para vilão

Isto é
Introdução: A bola da vez na nutrição humana é os alimentos “low carb” (baixo carboidrato), como se esse ingrediente fosse responsável pelos problemas na saúde humana, como sobrepeso, altos níveis de triglicérides, colesterol, problemas inflamatórios, entre outros... e como esperado esse conceito se estendeu para a alimentação de cães e gatos... embora o carboidrato (amido) não seja um nutriente essencial ele é bastante versátil... entenda.

Os carboidratos são compostos orgânicos que tem como principal função o fornecimento de glicose e, consequentemente fornecimento de energia.
Os outros nutrientes que falamos até agora, além de essenciais, também são fonte de energia, no entanto têm maior valor agregado (mais caros) que as fontes de amido... consequentemente, para atendermos a necessidade energética do paciente apenas com proteína e gordura onera muito a fórmula. Assim, depois que oferecemos quantidades suficiente de proteína e de gordura ao paciente, podemos completar sua exigência energética do paciente utilizando as fontes de amido, que ainda são fonte de fibra que irá favorecer o funcionamento adequado do trato gastrointestinal.
O carboidrato pode ser classificado de acordo com o grau de polimerização (ou seja, quantas moléculas de açucares ele contém) ou de acordo com sua forma de aproveitamento (absorvíveis, digestíveis, fermentáveis e não fermentáveis).
Em relação ao grau de polimerização eles podem ser classificados como: monossacarídeos (1 molécula de açúcar), dissacarídeos (2 moléculas de açúcar) e polissacarídeos (a maioria dos amidos utilizados na alimentação de cães e gatos).
Os carboidratos absorvíveis não precisam de digestão para serem aproveitados pelo organismo, enquanto que os amidos digestíveis dependem da ação de enzimas específicas e do processo de digestão para serem aproveitados.
O amido é o principal polissacarídeo presente em tubérculos, cereais, legumes.. ou seja, é a principal fonte de carboidrato dos alimentos para cães e gatos, seja na ração ou na alimentação natural.
Dependendo do tipo de amido que compõem a estrutura (amilopectina ou amilose) teremos uma digestão mais rápida, mais demorada ou não haverá digestão (amido resistente). A amilose é um amido de conformação linear, que impede o acesso das amilases (enzimas digestivas) aos sítios de ligação, fazendo com que a quebra dessa molécula seja mais lenta, enquanto que a amilopectina é um amido de conformação ramificada. Nesse tipo de conformação há mais sítios de ligação entre os açucares que compõem a molécula disponíveis para o acesso das enzimas, fazendo com que a molécula quebre mais rápido e a digestão e absorção também seja mais rápidas.
A compreensão desse conceito é extremamente importante para podermos utilizar o amido a nosso favor no processo de formulação, ou seja, se o paciente está gordinho ou tem diabetes, podemos utilizar adequadamente amidos de absorção lenta para controle da digestão do alimento, maior sensação de saciedade, controle da glicemia.. Enquanto que em pacientes com problemas digestórios ou com hiporexia (chato para comer), podemos utilizar amidos de absorção rápida, uma vez que vai promover esvaziamento gástrico mais rápido (não vai ficar alimento acumulado no estômago deixando a sensação de “pesado”), depende menos de enzimas digestivas e deixando menos resíduo no intestino (com menor estímulo para diarreia), além disso, quando a gente usa amido de digestão rápida o volume de alimento é muito menor, promovendo que o peludinho consuma todos os nutrientes necessários na pouca quantidade de alimento ingerido...
Ainda existe a classificação de amido resistente, que passa intacto pelo trato gastrointestinal, servindo, entre outras coisas, pra fazer volume alimentar - sem fornecimento de energia – para aqueles peludinhos que são muito gulosos!!
Além disso tudo, os carboidratos são fonte de fibras! Que embora não tenham valor nutricional algum, atuam de forma direta na saúde intestinal favorecendo o bom funcionamento do mesmo, garantindo formação de fezes suficientemente úmidas para não machucar o animal no ato de defecação mas seca o suficiente para não permitir perda de nutrientes com o surgimento de diarréia.
As fibras, ainda, têm função prebiótica, que nada mais é que fornecer alimento para as bactérias que estão presentes no intestino... mantendo a saúde do mesmo, não só pelo seu peristaltismo (movimentação adequada) mas também pela boa nutrição dos microorganismos que ali residem... mas isso é assunto para outro post...
Assim, podemos entender que, embora o amido não seja essencial para cães e gatos, é um ingrediente super versátil para ser usado em sua alimentação, o que irá poupar o uso dos ingredientes essenciais para o fornecimento de energia para o organismo!!
Em relação aos gatos, muito se especula de que eles não devam comer amido, principalmente por serem “carnívoros essenciais”... no entanto, essa classificação se deve à fonte de proteína que eles devem receber, ou seja, não são bem adaptados a ingerirem proteína de origem vegetal. Em relação à metabolização do amido, é fato que eles têm menor atividade da amilase pancreática e que também têm menor atividade da hexoquinase (primeira via da absorção da glicose pela célula), no entanto a literatura demonstra que essa espécie consegue muito bem absorver o amido ingerido, embora não consigam explicar adequadamente por qual meio.
Evidências científicas apontam, inclusive, que o amido no alimento do gato auxilia na saciedade, ou seja, no controle do consumo do alimento. Uma pesquisa realizada em Maringá-PR demonstrou que gatos alimentados exclusivamente com proteína e gordura comeram o alimento, todas as vezes que receberam as porções durante o dia, enquanto que quando lhes foram oferecido alimentos com proteína, gordura e carboidrato, os gatos se alimentaram adequadamente nas primeiras refeições e logo se mostraram saciados, rejeitando as refeições subsequentes. Dessa forma, o carboidrato na alimentação dos gatos, ajuda inclusive no controle de peso e no controle da diabetes felina...



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Vitaminas, Minerais e Formulações de Alimento Natural – o que tem a ver?

Isto é
As vitaminas são complexos orgânicos essenciais ao metabolismo e à fisiologia dos mamíferos. São classificadas de acordo com sua solubilidade em água ou gordura. Assim as vitaminas lipossolúveis são as vitaminas A, D, E e K e as hidrossolúveis são as vitaminas do complexo B e a C.
Por sua vez os minerais são elementos inorgânicos essenciais ao desenvolvimento e manutenção do organismo. São classificados de acordo com sua quantidade no organismo e de acordo com sua função biológica. Assim, os macrominerais são o cálcio, o fósforo, o sódio e o potássio, enquanto que os microminerais são o ferro, o manganês, o magnésio, o cobre, o selênio, o iodo e o zinco.
A vitamina A fornece o pigmento fotossensível dos olhos e é um regulador de expressão gênica durante o crescimento das células epiteliais. Por sua vez a vitamina E é um potente antioxidante de membrana e a vitamina K é essencial no processo de coagulação sanguínea.
O colicalciferol (vitamina D) desempenha um papel semelhante a hormônio, regulando o metabolismo do cálcio no organismo e, pesquisas mais recentes demonstraram que ela também regula a expressão gênica, atuando, inclusive na remissão de tumores.
Vitaminas do complexo B são fundamentais no metabolismo energético das gorduras, proteínas e carboidratos, bem como na regeneração e multiplicação celular e formação de células sanguíneas na medula óssea.
O ácido ascórbico (vitamina C) é um importante antioxidante de citoplasma, imprescindível para a reciclagem da vitamina E em processos inflamatórios.
Os macrominerais desempenham funções estruturais importantes, com destaque para o cálcio e o fósforo, que compõem o esqueleto dos animais. O sódio é importante para a digestão e, juntamente com o potássio, importante para todas as trocas iônicas celulares, manutenção da pressão arterial, digestão entre outros. Já os microminerais desempenham funções vitais para a respiração e troca gasosa nos tecidos (ferro), para o metabolismo (magnésio, zinco), para o funcionamento da tireóide (iodo), para a estabilidade óssea (manganês), como antioxidante (selênio e cobre) e também para a saúde cerebral, na formação da bainha de mielina (cobre).
Como dito anteriormente, esses nutrientes são essenciais e portanto a quantidade necessária para manutenção do metabolismo do cão ou do gato deve estar no alimento consumido diariamente!
Um dos principais itens que verifico que falta na maioria dos cardápios de alimentação caseira (alimentação natural) é o premix de vitaminas e minerais!!
A falta de suplementação desses nutrientes trará consequências castatróficas para o paciente ao longo do tempo, sendo que a consequência mais marcante é a desmineralização óssea, provocada tanto pela falta de cálcio quanto pela falta de vitamina D.
Existe uma linha de orientação de alimentação caseira que valoriza demais os nutrientes provenientes dos ingredientes, no entanto, essa mesma linha não consulta as tabelas nutricionais e nem utiliza programas de cálculo para a confecção de seus cardápios.
Eu considero essa prática muito perigosa, primeiro por que as tabelas de composição de alimentos que temos disponíveis são antigas, e, consequentemente não expressam a realidade nutricional dos alimentos que temos disponíveis nas gondolas do mercado ou da quitanda.
Por ser muito crítica, eu submeti 3 cardápios (formulados por mim, com auxílio de programa de cálculo para controle das quantidades de nutrientes) para análise centesimal e para minha surpresa, descobri que minhas fórmulas estavam subestimando a quantidade total de umidade em torno de 7% (figura 1). Ou seja, meus alimentos tinham mais água do que o esperado e, consequentemente tinham menos nutrientes do que o esperado!!!
Esse achado deixa claro que não posso confiar no teor de nutrientes que teoricamente os ingredientes do cardápio iria fornecer, reforçando a necessidade da suplementação externa.
O segundo motivo pelo qual tenho receio da metodologia de cálculo por proporções é que a exigência desses nutrientes pelo cão ou gato é pequena, expressa em sua maioria em miligramas, além disso, existe necessidade mínima e máxima, que quando extrapolada, pode levar a intoxicação dos animais e até mesmo à morte (no caso da intoxicação por vitamina D).
Existe ainda, dentro dessa metodologia duas modalidades em particular, que são bastante criticadas no meio científico que são: a “alimentação crua sem ossos” e a “alimentação crua com ossos”.
Sobre essas modalidades existem vários argumentos explorando se são ou não mais saudáveis e biologicamente adequadas aos animais. Se considerarmos o fornecimento da alimentação crua sem ossos, até conseguimos formular um alimento completo e balanceado, uma vez que algumas tabelas de composição de alimentos contém a informação desses ingredientes.
No entanto, quando observo a orientação de receitas de alimento cru com ossos, e principalmente sob a orientação de que não há necessidade de incluir suplementação, não tenho tanta certeza se esse alimento é completo e equilibrado.
Primeiro por que as tabelas de composição de alimentos não contém o perfil de “ossos carnudos” (nem a USDA), portanto eu não consigo a informação referente ao teor de proteínas, aminoácidos e teor de cálcio, fósforo e outros minerais.
Segundo por que não existe padronização entre a quantidade de carne e a quantidade de ossos nessas fontes de “ossos carnudos” e também por que grande parte dos vegetais utilizados nessas receitas não contém o teor de nutrientes estimados pelas tabelas de composição de alimentos (como explicado acima).
Portanto, ao meu ver, a modalidade de alimentação crua com ossos sem suplementação é extremamente imprecisa e não fornece nenhum embasamento sobre o teor de proteína e aminoácidos consumidos por dia e nem sobre o teor de vitaminas e minerais total consumido, em especial o cálcio, podendo ser considerada, inclusive, uma ameaça à saúde do cão ou do gato.


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